Quinta, 24 de fevereiro de 2022

(Tg 5,1-6; Sl 48[49]; Mc 9,41-50) 

7ª Semana do Tempo Comum.

“Quem vos der a beber um copo de água, por que sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa” Mc 9,41.

“Recompensa é coisa boa. Quem não gosta? A criança comporta-se bem e ganha dos pais o prometido brinquedo. O aluno esforça-se e obtém a esperada nota. O trabalhador faz a sua parte e consegue, ou pelo menos acha que consegue, o merecido salário. Tudo, ou quase tudo, se move pelo estímulo recompensa. Por isso, até um grupo de psicólogos estabeleceu uma teoria (behaviorismo, reflexos condicionados, etc.) que nada mais é que a aplicação sistemática da recompensa. No aspecto religioso, as coisas são muito diferentes. O estímulo recompensa pode ser adiado para o fim da vida para uma outra vida numa possível reencarnação ou para a vida eterna – mas nunca deixa de ser prometido. O próprio cristianismo não é estranho a essa ideia. ‘Faze isto e viverás’; ‘Tive fome e me deste de comer’ – são apenas algumas afirmativas pinçadas que falam de recompensa. O cristianismo não é estranho à ideia, mas a aprofunda. Faz dela não um mero sistema de toma-lá-dá-cá, mas a coloca no coração gracioso de Deus. No fundo, é o próprio Deus recompensando as obras que ele faz através de seus filhos, como disse o Apóstolo: ‘Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim’ (Gl 2,19.20). É nessa profundidade da comunhão de Deus, portanto, que entram o simples copo de água e sua recompensa. Jesus não está olhando para coisas extraordinárias, mas tão-somente para as pequenas coisas feitas em seu nome. – Senhor Jesus, somos insensíveis às boas coisas feitas a nós. Não vemos ali a tua graça atuando. Por outro lado, como somos inativos apesar da tua graça querer arrancar-nos da inatividade. Dá-nos arrependimento, fé e amor. Amém (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite