Quarta, 23 de fevereiro de 2022

(Tg 4,13-17; Sl 48[49]; Mc 9,38-40) 

7ª Semana do Tempo Comum.

“Quem não é contra nós é a nosso favor” Mc 9,38-40.

“Esta afirmação de São Marcos pareceria estar em contradição com a afirmação de São Mateus e São Lucas, os quais escrevem mais claramente: ‘Quem não está contra mim’ (Mateus 12,30; Lucas 11,23). A contradição não é senão aparente; a variante introduzida por São Mateus e São Lucas corresponde a temáticas diferentes. ‘Aquele que não é contra nós é a nosso favor’ (v. 40); parece que esta frase era como se fosse um provérbio popular, por certo de estilo oriental, e consequentemente um tanto extremada na expressão. Jesus corrige o zelo imprudente de seus discípulos, e isto porque, às vezes, nossa visão se mostra demasiadamente curta e por isso confundimos os interesses de Cristo com os nossos; confundimos e misturamos o zelo com o ‘ciúme’: somos zelosos não tanto pela glória de Deus, e sim de nós mesmos. Às vezes é a inveja, muito dissimulada, camuflada com falso zelo; tal qual aconteceu entre os apóstolos. Quando o que importa é a luta contra o mal, não tem a menor importância nem o campo onde se realiza nem quem a realiza. Sentir-se em segundo plano, saber que se é postergado, obscurecido pelos outros, que brilham e que nos deixam esquecidos, é doloroso para a nossa natureza. Deixar que outros brilhem, enquanto nós permanecemos na penumbra, não invejá-los, não os abandonar, não falar mal deles, não lhes negar apoio... Realmente não é fácil buscar o apostolado, sem levar em consideração o apóstolo. Quanta palha misturada com o bom trigo! Porém haverá de chegar o dia no qual os anjos de Deus separarão a palha e armazenarão o trigo; que pena tão grande, se tivermos a desilusão de ver na grande quantidade de nossas ações apostólicas, somente se tenha podido resgatar alguns poucos grãos de bom trigo! Vivência: Teremos mais respeito para com os que não são cristãos e aceitaremos os valores humanos, que possamos descobrir neles; por fim, tudo o que haja de bom e verdadeiro entre os não-cristãos, a Igreja julga-o como uma preparação para o evangelho e outorgado por quem ilumina todos os homens, para que no fim tenham a vida” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave- Maria).

  Pe. João Bosco Vieira Leite