(Tg 3,1-10; Sl 11[12]; Mc 9,2-13)
6ª Semana do Tempo Comum.
“Suas roupas ficaram
brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar” Mc 9,3.
“Se compararmos o
estado de humilhação de Jesus com uma fechada noite invernal, podemos dizer, em
contrapartida, que sua transfiguração foi o relâmpago suave que, por instantes
ao menos, dissolveu a treva em brancura, brancura, brancura para compartilhar
com seus mais íntimos seguidores a sua natureza divina. Jesus sofria e se angustiava
como qualquer outro ser humano. E isso não nos deve surpreender, pois sua
humanidade era absolutamente real e não um mero disfarce para sua divindade. E
como essa, no estado de humilhação, estava oculta, Jesus se transformava num
ser marcado pela fragilidade que se abate sobre qualquer um. Quando, então, sua
divindade irrompe através desse pegajoso nevoeiro, todo o seu ser novamente se
anima, e sua tarefa toma novo impulso. Os mortais comuns, por seu turno,
precisavam também duma definição clara e insofismável sobre aquele profeta
amigo visto por eles como Cristo. Por isso, não podiam entender por que, após
curas tão maravilhosas, ele se encolhesse em meio à maré de críticas e ameaças.
Verem, pois, o Cristo resplandecente inundado por aquele mar de brancura
transcendental foi-lhes o marco decisivo para fazê-los ver no mestre e amigo o
próprio Filho de Deus. Às vezes sentimos necessidade duma tal experiência.
Afinal, somos tão seres humanos quanto foram Jesus e seus discípulos. Vê-lo
transfigurado, no entanto, não podemos. Temos, em compensação, um consolo: ele
prometeu estar conosco e está. – Senhor Jesus, alegramo-nos com tua
transfiguração porque manifestaste glória e poder em meio à humilhação pela
qual passavas. Louvado sejas. Amém” (Martinho Lutero e Iracy Dourado
Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite