(Tg 5,13-20; Sl 140[141]; Mc 10,13-16)
7ª Semana do Tempo Comum.
“Vendo isso, Jesus se
aborreceu e disse: ‘Deixai vir a mim as crianças.
Não a proibais,
porque o Reino de Deus é dos que são como elas” Mc 10,14.
“Criancinhas são as
mais doces obras de Deus. Quem não gosta de ver aquelas carinhas pequenininhas
nos encarando com toda a seriedade possível para perguntar: ‘Quem é esse
sujeito que me olha com esse jeito de bobo?’ Para depois se abrirem num sorriso
lindo, calmo e todo cheio de graça? E Deus as ama bastante não só quando são
bonitas e robustas mas também quando são fracas e doentes. Mas há também quem
não goste delas. Afinal, dão trabalho. É preciso cuidar delas, lavá-las,
alimentá-las e desvelar-se em preocupações quando ficam doentes. Além do mais,
é preciso educa-las. E como é difícil fazer isso. Mas também, por que cargas
d’água nossa vida social tem que contar com tantas regrinhas e truques?
Juntando, pois, tudo isso dá para entender por que as mães levam seus filhos a
Deus, orgulhosas, naturalmente, de seus pimpolhos e desejosas de que Deus lhes
dê uma bênção extraordinária – e por que os discípulos, fiéis guardiões do
Mestre contra a iminente praga das criancinhas, se interpõem para impedi-las.
Jesus, no entanto, se aborrece coma ação dos que dizem seus guarda-costas e
manda vir as criancinhas. Pensando consigo mesmo, talvez dissesse: ‘Tu também
não foste criancinha? E também não precisaste dos cuidados e das bênçãos do
Pai? E, com toda certeza, apelando para o amor infinito que se comprimia em seu
peito humano, alegrou-se com a oportunidade de mostrar que o reino de Deus,
anunciado através de profetas quase coléricos e discutido friamente por
teólogos sisudos, pertencia também a todos aqueles projetinhos de gente.
– Ó doce Jesus, que amaste as criancinhas de outrora, ama também as
criancinhas de hoje, sobretudo as dilaceradas pela fome, doença e desamor. Amém” (Martinho
Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] –
Vozes).