(1Pd 1,10-16; Sl 97[98]; Mc 10,28-31)
8ª Semana do Tempo Comum.
“Respondeu Jesus: ‘Em
verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos,
campos, por causa de mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante
esta vida – casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições –, e,
no mundo futuro, a vida eterna” Mc 10,29-30.
“Em 1974, quando fui
para o Recife, Pernambuco, a fim de exercer ali meu pastorado, estranhei
bastante um fato: mesmo sendo ali a sede episcopal do mundialmente famoso D.
Hélder Câmara, não se ouvia nem se lia sobre ele nenhuma reportagem, nenhum
artigo, nenhuma citação. Era como se ele, para os meios de comunicação, sequer
existisse. Era perseguição? Evidentemente que sim. Só que essa perseguição não
se dirigia contra o cristianismo oficial, pois igrejas das mais diversas
denominações abriram suas portas, faziam suas campanhas, realizavam festas e
tudo mais que lhes fosse próprio. A perseguição, ainda que velada, só se fazia
contra quem ousasse encarnar o espírito de Cristo, ou seja, contra quem lutasse
pela sorte dos oprimidos. E hoje, a mesma perseguição, velada, ainda se faz
contra, por exemplo, a Teologia da Libertação, condenada na mídia a um voto de
absoluto silêncio. Cristo, porém, anima seus seguidores a resistir, pois ele
tem uma mensagem de perdão e libertação que deve superar todos os obstáculos
não importando se são de ordem pessoal, institucional ou de outra qualquer.
Talvez soframos com isso e percamos laços de amizade ou até mesmo de
parentesco. Mas que importa? Além da suprema compensação de já estarmos na
companhia de Cristo, teremos ainda a de contarmos com verdadeiros amigos e
companheiros. – Teu amor, Jesus, nos dá forças para rompermos barreiras
e lutar a favor do oprimido. Não nos deixes desanimar: o oprimido, com o qual
te identificas, precisa de nós. Amém” (Martinho Lutero e Iracy Dourado
Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite