(Ez 47,1-2.8-9.12; Sl 45[46]; Jo 2,13-22)
Dedicação da Basílica de Latrão.
“Então os judeus
perguntaram a Jesus: ‘Que sinal nos mostras para agir assim?’” Jo 2,18.
“Os quatro
evangelistas se fazem eco do gesto provocativo de Jesus expulsando do Templo
‘vendedores’ de animais e ‘cambistas’ de dinheiro. Não pode suportar ver a casa
de seu Pai cheia de gente que vive do culto. A Deus não se compra com
‘sacrifícios’. Mas João, o último evangelista, acrescenta um diálogo com os
judeus, no qual Jesus afirma de maneira solene que, despois da destruição do
Templo, Ele ‘o levantará em três dias’. Ninguém conseguiu entender o que Ele
dizia. Por isso o evangelista acrescenta: ‘Jesus falava do templo de seu
corpo’. Não esqueçamos que João está escrevendo seu Evangelho quando o Templo
de Jerusalém já estava destruído há vinte ou trinta anos. Muitos judeus se
sentem órfãos. O Templo era o coração de sua religião. Como poderão sobreviver
sem a presença de Deus no meio de seu povo? O evangelista faz os seguidores de
Jesus lembrar que eles não hão de sentir nostalgia do velho Templo. Jesus,
‘destruído’ pelas autoridades religiosas, mas ‘ressuscitado’ pelo Pai, é o
‘novo Templo’. Não é uma metáfora atrevida. É uma realidade que há de marcar
para sempre a relação dos cristãos com Deus. Para aqueles que veem em Jesus o
novo Templo, onde Deus habita, tudo é diferente. Para encontrar-se com Ele não
basta entrar numa igreja. É necessário aproximar-se de Jesus, entrar em seu
projeto, seguir seus passos, viver com seu espírito. Neste novo Templo que é
Jesus, para adorar a Deus não basta o incenso, as aclamações nem as liturgias
solenes. Os verdadeiros adoradores são aqueles que vivem diante de Deus ‘em
espírito e em verdade’. A verdadeira adoração consiste em viver com o
‘Espírito’ de Jesus na ‘verdade’ do Evangelho. Sem isto, o culto é ‘adoração
vazia’. As portas deste novo Templo que é Jesus estão abertas a todos. Ninguém
está excluído. Podem entrar nele os pecadores, os impuros e inclusive os
pagãos. O Deus que habita em Jesus é de todos e para todos. Neste Templo não se
faz nenhuma discriminação. Não há espaços diferentes para homens e mulheres.
Não há raças eleitas, nem povos excluídos. Os únicos preferidos são os
necessitados de amor e de vida” (José Antonio Pagola – “O
Caminho Aberto por Jesus” – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite