Terça, 09 de novembro de 2021

(Ez 47,1-2.8-9.12; Sl 45[46]; Jo 2,13-22) 

Dedicação da Basílica de Latrão.

“Então os judeus perguntaram a Jesus: ‘Que sinal nos mostras para agir assim?’” Jo 2,18.

“Os quatro evangelistas se fazem eco do gesto provocativo de Jesus expulsando do Templo ‘vendedores’ de animais e ‘cambistas’ de dinheiro. Não pode suportar ver a casa de seu Pai cheia de gente que vive do culto. A Deus não se compra com ‘sacrifícios’. Mas João, o último evangelista, acrescenta um diálogo com os judeus, no qual Jesus afirma de maneira solene que, despois da destruição do Templo, Ele ‘o levantará em três dias’. Ninguém conseguiu entender o que Ele dizia. Por isso o evangelista acrescenta: ‘Jesus falava do templo de seu corpo’. Não esqueçamos que João está escrevendo seu Evangelho quando o Templo de Jerusalém já estava destruído há vinte ou trinta anos. Muitos judeus se sentem órfãos. O Templo era o coração de sua religião. Como poderão sobreviver sem a presença de Deus no meio de seu povo? O evangelista faz os seguidores de Jesus lembrar que eles não hão de sentir nostalgia do velho Templo. Jesus, ‘destruído’ pelas autoridades religiosas, mas ‘ressuscitado’ pelo Pai, é o ‘novo Templo’. Não é uma metáfora atrevida. É uma realidade que há de marcar para sempre a relação dos cristãos com Deus. Para aqueles que veem em Jesus o novo Templo, onde Deus habita, tudo é diferente. Para encontrar-se com Ele não basta entrar numa igreja. É necessário aproximar-se de Jesus, entrar em seu projeto, seguir seus passos, viver com seu espírito. Neste novo Templo que é Jesus, para adorar a Deus não basta o incenso, as aclamações nem as liturgias solenes. Os verdadeiros adoradores são aqueles que vivem diante de Deus ‘em espírito e em verdade’. A verdadeira adoração consiste em viver com o ‘Espírito’ de Jesus na ‘verdade’ do Evangelho. Sem isto, o culto é ‘adoração vazia’. As portas deste novo Templo que é Jesus estão abertas a todos. Ninguém está excluído. Podem entrar nele os pecadores, os impuros e inclusive os pagãos. O Deus que habita em Jesus é de todos e para todos. Neste Templo não se faz nenhuma discriminação. Não há espaços diferentes para homens e mulheres. Não há raças eleitas, nem povos excluídos. Os únicos preferidos são os necessitados de amor e de vida” (José Antonio Pagola – “O Caminho Aberto por Jesus” – Vozes). 

  Pe. João Bosco Vieira Leite