(Dn 7,15-27; Sl Dn 3; Lc 21,34-36)
34ª Semana do Tempo Comum.
“Tomai cuidado para
que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e
das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; pois esse
dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes da terra” Lc 21,34-35.
“Muito importante
esta advertência do divino Mestre: ‘estais atentos, para que o vosso coração
não fique insensível!’ De fato, para que serve um coração insensível? Ter
coração insensível é o mesmo que não ter coração. O coração é o eterno
manancial da poesia – essa vibratilidade generalizada que dá sentido, cor, tom,
sabor e alma a todas as atividades humanas. Uma vida sem poesia é como uma
poesia sem vida: ambas são prosaicas. Para a Bíblia, o coração representa todo
o nosso ser interior: nossa inteligência, nossa consciência, nossa afetividade.
Daí a constante preocupação de Deus, já no Antigo Testamento, com o coração
humano – que é a única coisa que Ele quer de nós: ‘Dá-me, ó filho, teu coração’
(Pr 23,26). Todavia, Ele não quer um coração duro e insensível. Muito ao
contrário: ‘Removerei de vosso corpo o coração de pedra e vos darei um coração
de carne’ (Ez 36,26). Um coração de pedra não sente o pulsar da natureza, as
palpitações da vida, os toques da graça.... Não se comove com o drama da fome,
da solidão, da dúvida, do desemprego, da injustiça, que massacra milhões de
seres humanos. O coração de pedra é o verdadeiro assassino da humanidade. Sem
coração, até os brutos se tornam mais brutos. Que o diga a mãe do ‘menino da
porteira’: - ‘Quem matou meu filho, seu moço, foi um boi sem coração!’ O Pai
diria: Quem matou meu Filho foi um mundo sem coração! – Senhor Jesus,
no meio em que vivemos quantas coisas podem petrificar o nosso coração: a
ganância, o egoísmo, o orgulho, o hedonismo.... Entretanto, para recuperá-lo há
uma coisa só: o amor. Mas aquele amor que vos levou a morrer com o coração
aberto para que ninguém mais viva com o coração fechado. Amém” (Geraldo de Araújo
Lima – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite