(Cl 1,21-23; Sl 53[54]; Lc 6,1-5)
22ª Segunda Semana do Tempo Comum.
“E Jesus acrescentou:
‘O Filho do Homem é senhor também do sábado’” Lc 6,5.
“Lucas recorda
situações que faziam crescer a hostilidade dos fariseus para com Jesus. Uma das
questões que os irritavam, por exemplo, era o comportamento do Mestre em
relação ao preceito do sábado. Para os fariseus, Jesus era totalmente
indiferente à lei do sábado. Como exemplo, o evangelista cita o episódio em
que, justamente num sábado, o Mestre e os discípulos foram pegos apanhando
espigas (Lc 6,1-5). Questionado, Jesus se defendeu recordando um fato
envolvendo o Rei Davi e lembrando também uma licença que a Lei concedia aos
sacerdotes. Jesus era muito esperto! Os fariseus jamais criticariam o Rei Davi,
nem questionariam aquela licença que a própria Lei concedia aos sacerdotes. Em
geral, toda religião possui uma doutrina, rituais e normas de conduta. Tudo
isso pode colaborar (e muito!) para a vivência da nossa fé. Pode ter um valor
imenso, especialmente se favorecer nossa proximidade com o Mistério de Deus, se
ajudar-nos a crescer na fraternidade e na prática da justiça, se impedir que
prejudiquemos a nossa vida ou a vida de outras pessoas. Não podemos,
entretanto, confundir o exercício da fé com a obediência cega às normas
religiosas. Isso porque doutrina e orientações religiosas não possuem o mesmo
valor e peso. Algumas normas e doutrinas são fundamentais e inegociáveis.
Outras, porém, são secundárias, e dependem de muitos outros fatores (cf. Lc
11,37-42; 13,14-17). Isso, porém, é só o começo de uma longa conversa!
Portanto, como ensinou o próprio Jesus, muito cuidado para não confundir o que
é secundário com o essencial. – Sonda-me, ó Deus! Prova-me. Conhece o
meu coração e os meus sentimentos vê se não ando por um caminho fatal, e
conduze-me pelo caminho eterno (cf. Sl 139,23s)” (Marcos Daniel de
Moraes Ramalho – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite