24ª Domingo do Tempo Comum – Ano B

(Is 50,5-9; Sl 114[115]; Tg 2,14-18; Mc 8,27-35).

1. A 1ª leitura de hoje nos traz um dos cantos do servo sofredor, aplicados a essa atitude de entrega e obediência de Jesus ao plano salvador que passa pela paixão e morte. Tema da 2ª parte do evangelho. Tiago nos recorda a prática da fé por ações concretas em favor dos mais necessitados.

2. Mas é em torno do Evangelho que a nossa reflexão se concentra, ainda que numa ou noutra circunstância, as outras leituras acabem se encontrado com o mesmo. Outra vez é Pedro que nos ajuda a tomar consciência das exigências de nossa vocação cristã, do crer e do viver.

3. A nossa fé não é um simples sentimento de confiança em Deus. Esse sentimento baseia-se também numa certeza da inteligência. Crer é, antes de mais, aderir sem reservas à verdade que Cristo nos ensina. E o nosso Evangelho está cheio de algumas dessas verdades.

4. Essa confissão de Pedro que acompanhamos em Marcos confirma a divindade de Jesus através do título de Messias, mas deixa de fora outras verdades colocadas por Mateus: a origem divina da Igreja, fé nessa liderança exercida pelo papa. E esta confissão de Pedro se dá, num momento de forte oposição a Jesus.

5. Enquanto esperavam um Messias que restabelecesse o prestígio de Israel e submetesse o mundo inteiro pela força das armas, Jesus lhes propõe a conquista de si próprios. A praticar a justiça, a caridade, o arrependimento, a renúncia.... Suas palavras soam difíceis...

6. Por isso Ele se afasta da Galileia, meio desiludido com as reações. Aproveita esse breve exílio em território de maioria pagã para complementar a formação dos discípulos que não o abandonaram e dos doze em particular. Assim começa perguntando-lhes sobre o que pensam dele as pessoas.

7. Os discípulos contam com simplicidade o que ouviam dizer. Entre as figuras dos profetas mencionados, não aparece o título de Messias. Em seguida Jesus lhes coloca de maneira direta o problema: e vocês, que dizem de mim? Sem hesitação, Pedro vai além das crenças judaicas.

8. Os discursos anteriores de Jesus lhe tinham rasgado horizontes muitos vastos. E os séculos seguintes continuarão a falar de Jesus e a produzir literatura sempre abundante sobre Ele. A pergunta de Cesareia de Filipe continua na pauta do dia, ainda que as opiniões possam ser contraditórias.

9. Nesse mês em que celebramos a Palavra, somos lembrados desse exercício necessário do conhecimento de Cristo a partir de suas fontes, não tanto do que dizem a respeito dele. São Jerônimo dizia que ignorar as escrituras é ignorar a Cristo.

10. Continuará sempre um desafio a união das duas naturezas, divina e humana em Jesus, mas é a única explicação que respeita a sua perfeita unidade, toda a sua grandeza e toda a sua beleza humana. Jesus é tão verdadeiramente homem como Deus. Seremos felizes se o podermos compreender por completo, como Simão Pedro o foi. 

Pe. João Bosco Vieira Leite