São Pedro e São Paulo – Missa do Dia

 (At 12,1-11; 2Tm 4,6-8.17-18; Sl 33[34]; Mt 16,13-19).

1. Desde o sec. III, a Igreja reúne numa só festa os apóstolos Pedro e Paulo; aqui no Brasil celebramos já um pouco distante das festas juninas, para que nos atenhamos ao essencial e deixemos de lado o folclórico. Apóstolos e missionários apaixonados por Jesus, mas distintos em sua origem, formação e estilo, assim se apresentam.

2. Já ouvimos várias vezes esse evangelho que nos traz a confissão de fé por parte de Pedro, e a declaração do primado eclesial do Apóstolo por Jesus. Já nos detivemos algumas vezes sobre esse texto. Vamos refletir sobre uma das notas da nossa Igreja que brota desse evangelho: Apostolicidade, conforme rezamos no credo.

3. A Igreja tem sua origem em Cristo, mas foi por meio da pregação e testemunho dos Apóstolos que se foi fundamentando a fé dos fiéis. Nossa Igreja tem como fundamento visível de sua unidade e permanência a cátedra de Pedro e de seus sucessores, o Papa, bispo de Roma.

4. Sua identidade apostólica vem do seu crê, manter-se e difundir a fé em Cristo, recebido do anúncio e testemunho dos Apóstolos.

5. Todo grupo humano necessita de modelos de identificação; por isso todo povo tem sua tradição heroica e venera os ‘heróis da pátria’, cuja estimulante recordação é motivo de gloria, coesão e identidade comunitária. Assim, também nós temos os nossos, enquanto cristãos, tendo primeiramente a Virgem Maria, e as figuraras sublimes dos Apóstolos, nossos pais na fé.

6. Esse texto de Mateus sobre o primado de Pedro, historicamente foi polêmico no campo da exegese bíblica, pois esse primado eclesial de Pedro não é mencionado expressamente por nenhum outro evangelista. Temos em Mc e Lc a confissão de Pedro, mas nada acrescentam sobre o primado do mesmo.

7. A pergunta gerada é: O texto de Mt é original ou acrescentado posteriormente? Ou seja, seriam palavras de Jesus ou pertence à comunidade cristã? A tradição católica aceitou sempre o texto como autêntico. Mas os teólogos da reforma protestante o interpretaram como referido à Igreja espiritual.

8. Polêmicas à parte, a liturgia nos recorda que o ministério de Pedro – e de seus sucessores – é o primado do serviço e da caridade na Igreja de Cristo. Carisma que não lhe é concedido para prestígio próprio, nem se baseia em sua capacidade pessoal e extraordinária; pois é patente sua debilidade humana.

9. Esse ministério é também vivido dentro da colegialidade com os demais Apóstolos, ou seja, se unem entre si o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, e os bispos, sucessores dos Apóstolos. Assim tem sido tem o início da Igreja, através dos Concílios, sínodos e conferências episcopais.

10. Em meio a essa festa das colunas e pais de nossa Igreja, Pedro e Paulo, ainda temos a nostalgia dos cristãos unidos numa só fé, pois para pastores e teólogos ortodoxos, anglicanos e protestantes de diferentes confissões, o primado de Pedro consiste uma pedra de tropeço e o ponto máximo de conflito no movimento de união das Igrejas.

11. Hoje é dia de rezar pelo nosso Papa, pela nossa Igreja, e pedir a Deus que haja logo um só rebanho e um só pastor, para que o mundo inteiro creia em Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo, o enviado do Pai. 

 Pe. João Bosco Vieira Leite