Sábado, 10 de julho de 2021

(Gn 49,29-32; 50,15-26; Sl 104[105]; Mt 10,24-33) 

14ª Semana do Tempo Comum.

“Não tenhais medo deles, pois nada há de encoberto que não seja revelado

e nada há de escondido que não seja conhecido” Mt 10,26.

“Não faz muito tempo, o compositor pernambucano Lenine gravou uma canção chamada ‘Miedo’. Nela, o compositor fala das muitas e diferentes formas com que o medo se manifesta em nossas vidas. Um desses versos ficou bem gravado em minha memória: o medo é uma força que não me deixa andar. E brincando com as palavras, numa espécie de trava-língua, ele dizia ter medo ‘do medo que o medo dá’. De fato, a vida é movimento; exige doses de coragem, enfrentamento e perseverança. Exige, também, a união das pessoas., pois ninguém pode viver sozinho. O medo, porém, pode atrapalhar tudo isso, dificultando a dinâmica da vida, ou prejudicando todo o trabalho de um grupo, pois sua presença cria obstáculos, divisões, isolamento, fraqueza, submissão ou fuga. Às vezes, não se pode ter medo. Por meio dos profetas, Deus sempre lembrou Israel que o medo, muitas vezes, só atrapalha, impedindo-nos de sermos verdadeiramente livres. O medo só favorece quem domina – o opressor (Ex 14,9-13; Is 51,7-16). Os profetas e o povo, portanto, deviam ter muito discernimento para que o medo não os dominasse, não permitindo a ação libertadora de Deus (Jr 1,17). Mais tarde, em muitas ocasiões, Jesus fez o mesmo pedido aos discípulos (Mt 10,24-33; 14,22-33; Jo 16,33). Insistiu para que eles não tivessem medo, pois de outro modo como poderiam anunciar a Boa Notícia? E para que os discípulos tivessem ainda mais força de vencer todos os obstáculos, deu-lhes também o seu Espírito (Jo 20,19-21). Com o tempo e alguma dificuldade, os cristãos aprenderam a lição. Quando o medo reina, Deus não pode entrar, nem gerar vida nova (1Jo 4,18; Rm 8,14s). – Abro o meu coração e clamo: Vem, Senhor, morar comigo e com tua Igreja! Livra teu povo do medo que escraviza, do medo que enfraquece e causa desunião! Cresça em nós o Amor e a confiança em teu poder libertador! Amém” (Marcos Daniel de Moraes Ramalho – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).    

 Pe. João Bosco Vieira Leite