(Gl 4,4-7; Sl 95[96]; Lc 1,39-47)
Nossa Senhora de Guadalupe.
“Como posso merecer
que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” Lc 1,43.
“Por volta de 1531,
haviam missionários espanhóis aprendido a língua indígena para fins de
evangelização. Conforme antiga tradição foi justamente nesse ano que a Virgem
Mãe de Deus apareceu ao neófito João Diego, um piedoso índio, na colina de
Tepyac, perto da capital do México. Com muita afabilidade o exorta a ir ter com
o bispo e dizer-lhe que nesse lugar erigissem um Santuário em sua honra. O
bispo da diocese, João de Zumárraga retardou a resposta a fim de averiguar
cuidadosamente o ocorrido. Quando o neófito, movido por uma segunda aparição e
nova insistência da Ssma. Virgem, renovou suas súplicas entre lágrimas,
ordenou-lhe o bispo que pedisse um sinal comprobatório de que a ordem vinha
realmente da grande Mãe de Deus. Vindo o neófito, certo dia, de lugar distante,
por um caminho que não passa pela colina de Tepyac e dirigindo-se à a capital,
à procura de um sacerdote que administrasse os últimos sacramentos ao tio
moribundo, a benigna Virgem veio-lhe ao encontro pela terceira vez, e o consola
com a notícia do perfeito restabelecimento do tio, colocando-lhe no manto
estendido belíssima flores havia pouco desabrochadas, apesar da esterilidade do
terreno e do inverno: ‘Escute, meu filho, não há nada que temer; não fique
preocupado nem assustado; não tema esta doença, nem outro qualquer dissabor ou
aflição. Não estou aqui, ao seu lado? Eu sou a mãe dadivosa. Não o escolhi para
mim e o tomei aos meus cuidados? Que deseja mais que isto? Não permita que nada
o aflige e o perturbe. Quanto à doença do seu tio, ela não é mortal. Eu lhe
peço, acredite agora mesmo que ele está curado... Filho querido, essas rosas
são o sinal que você vai levar ao bispo. Diga-lhe em meu nome que, nessas
rosas, ele verá minha vontade e a cumprirá. Você é o meu embaixador e merece a
minha confiança... Quando chegar diante do Bispo, descobre a sua ‘tilma’
(manto) e mostre-lhe o que carrega, porém só na presença do bispo. Diga-lhe
tudo o que viu e ouviu, nada omitindo...’ João Diogo obedece e, ao despejar as
flores perante o bispo, apareceu uma linda pintura de Nossa Senhora e depois
foi ver o tio dele, já curado. Este, ouvindo descrever a Senhora, assentiu
sorrindo: ‘Eu também a vi. Ela veio a esta casa e falou-me. Disse-me também que
desejava a construção de um templo na colina de Tepyac. Disse que sua imagem
seria chamada ‘Santa Maria de Guadalupe’, embora não tenha explicado o porquê’.
A fama do milagre espalhou-se rapidamente por todo o território. Os cidadãos,
profundamente impressionados por tão grande prodígio, procuraram guardar
respeitosamente a santa Imagem na capela do paço episcopal. Mais tarde, após
várias construções e ampliações, chegou-se ao magnífico templo atual. De toda a
parte e não só do México acorrem os homens à Senhora de Guadalupe. Muito se tem
discutido sobre o significado da palavra ‘Guadalupe’. Em 1754, escrevia o papa
Bento XIV: ‘Nela tudo é milagroso: uma imagem que provém de flores colhidas num
terreno totalmente estéril, no qual só podem crescer espinheiros; uma imagem
estampada numa tela tão rala que, através dela, pode-se enxergar o povo e nave da
Igreja tão facilmente como através de um filó; uma Imagem em nada deteriorada,
nem no seu supremo encanto, nem no brilho de suas cores, pelas emanações do
lago vizinho que, todavia, corroem a prata, o ouro e o bronze... Deus não agiu
assim com nenhuma outra nação’. Em outros santuários marianos, a fé move os
devotos, mas em Guadalupe a celestial visão nunca cessa. Junto a essa presença
maternal, ninguém sente a impressão de ser um filho culpado de Adão; cada qual
experimenta a inocente simplicidade e o doce aconchego de um filho amoroso” (Mario Sgarbosa
e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite