(Ct 2,8-14; Sl 32[33]; Lc 1,39-45)
4ª Semana do Advento.
“Quando Isabel ouviu
a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do
Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres
e bendito é o fruto do teu ventre!’” Lc 1,41-42.
“Lucas é fascinado
pelas pessoas cheias do Espírito Santo. Afinal, é o cronista de todos os
Pentecostes que acontecem no Novo Testamento (cf. At 2,1-13; 4,31; 10,44-48;
19,1-7), inclusive do pré-pentecostes descrito acima. Uma das primeiras
características da infusão do Espírito é o profetizar – falar em nome de Deus.
É o que acontece com Isabel, que ficou cheia do Espírito Santo tão logo ouviu a
saudação de Maria. A força do Espírito leva-a a exclamar em voz alta, embora o
público ouvinte fosse reduzidíssimo e de ouvidos bem acostumados às locuções
celestes. Na sua profecia, Isabel aplica a Maria uma das palavras mais densas
de sentido em toda a Bíblia: bem-aventurada efetivamente, as bem-aventuranças
constituem o solene pórtico de entrada para toda a pregação de Cristo. Isabel
enxerga em Maria uma dupla bem-aventurança: a maternidade divina e a da fé. Ela
é bem-aventurada porque traz no ventre o fruto bendito, o dom supremo de Deus:
Jesus; mas também é bem-aventurada porque ‘teve fé no cumprimento do que lhe
foi dito da parte do Senhor’. Crer é muito mais do que um simples aceno de
consentimento ou a ausência dúvida. Etimologicamente, ‘credere’ provém de ‘cor
dare’ – dar o coração. Crer, por conseguinte, é entregar totalmente o coração,
é colocar-se por completo à disposição de outrem: ‘Eis aqui a escrava do
Senhor. Aconteça comigo segundo a tua palavra!’ (Lc 1,38). Semelhante ato de fé
deve ser necessariamente a base de todas as bem-aventuranças: da pobreza em
espírito, da mansidão, da misericórdia, da pureza de coração, etc. por isso,
alguns têm chamado Maria de ‘a mãe das bem-aventuranças’. E tem razão. – Jesus,
Maria tornou-se vossa mãe pela fé antes de conceber. Dai-nos tal fé, para que
possamos gerar-vos nos corações dos homens. Amém” (Geraldo de
Araújo Lima – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite