Segunda, 21 de dezembro de 2020

(Ct 2,8-14; Sl 32[33]; Lc 1,39-45) 

4ª Semana do Advento.

“Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!’” Lc 1,41-42.

“Lucas é fascinado pelas pessoas cheias do Espírito Santo. Afinal, é o cronista de todos os Pentecostes que acontecem no Novo Testamento (cf. At 2,1-13; 4,31; 10,44-48; 19,1-7), inclusive do pré-pentecostes descrito acima. Uma das primeiras características da infusão do Espírito é o profetizar – falar em nome de Deus. É o que acontece com Isabel, que ficou cheia do Espírito Santo tão logo ouviu a saudação de Maria. A força do Espírito leva-a a exclamar em voz alta, embora o público ouvinte fosse reduzidíssimo e de ouvidos bem acostumados às locuções celestes. Na sua profecia, Isabel aplica a Maria uma das palavras mais densas de sentido em toda a Bíblia: bem-aventurada efetivamente, as bem-aventuranças constituem o solene pórtico de entrada para toda a pregação de Cristo. Isabel enxerga em Maria uma dupla bem-aventurança: a maternidade divina e a da fé. Ela é bem-aventurada porque traz no ventre o fruto bendito, o dom supremo de Deus: Jesus; mas também é bem-aventurada porque ‘teve fé no cumprimento do que lhe foi dito da parte do Senhor’. Crer é muito mais do que um simples aceno de consentimento ou a ausência dúvida. Etimologicamente, ‘credere’ provém de ‘cor dare’ – dar o coração. Crer, por conseguinte, é entregar totalmente o coração, é colocar-se por completo à disposição de outrem: ‘Eis aqui a escrava do Senhor. Aconteça comigo segundo a tua palavra!’ (Lc 1,38). Semelhante ato de fé deve ser necessariamente a base de todas as bem-aventuranças: da pobreza em espírito, da mansidão, da misericórdia, da pureza de coração, etc. por isso, alguns têm chamado Maria de ‘a mãe das bem-aventuranças’. E tem razão. – Jesus, Maria tornou-se vossa mãe pela fé antes de conceber. Dai-nos tal fé, para que possamos gerar-vos nos corações dos homens. Amém (Geraldo de Araújo Lima – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite