Sexta, 1º de janeiro de 2021

(Nm 6,22-27; Sl 66[67]; Gl 4,4-7; Lc 2,16-21) 

Maria Santíssima, Mãe de Deus.

“Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva” Gl 4,4-5.

“A solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus é a primeira festa mariana que apareceu na Igreja ocidental. Originariamente a festa nasceu para substituir o costume pagão da ‘strenae’ (dádivas), cujos ritos não condiziam com a santidade das celebrações cristãs. O Natal de Santa Maria começou a ser festejado em Roma no século quarto, provavelmente junto com a dedicação de uma das primeiras igrejas marianas de Roma: a de Santa Maria Antiga no Foro romano, ao sul do templo dos Castores. Sua liturgia estava ligada à do Natal. O dia primeiro de janeiro, situa-se dentro da oitava de Natal, lembrando rito que se cumpriu oito dias após o nascimento de Jesus, proclama-se o evangelho da circuncisão. A circuncisão dava também nome à festa que inaugurava o ano novo. A última reforma do calendário trouxe ao dia primeiro de janeiro a festa da maternidade divina. Desde 1931 essa festa era celebrada no dia onze de outubro, lembrando o Concílio de Éfeso (431) que proclamou solenemente uma das verdades mais queridas do povo cristão: Maria é verdadeira Mãe de Cristo, que é verdadeiro Filho de Deus. Nestório teve a ousadia de declarar: ‘Porventura pode Deus ter uma mãe? Nesse caso não podemos condenar a mitologia grega, que atribui uma mãe aos deuses’. São Cirilo de Alexandria, porém, havia replicado: ‘Dir-se-á: a virgem é mãe da divindade? Ao que respondemos: o Verbo vivo, subsiste, é gerado pela própria substância de Deus Pai, existe desde toda a eternidade... Mas ele se encarnou no tempo e por isso pode-se dizer que nasceu da mulher’. Jesus, Filho de Deus, nasceu de Maria. É deste sublime e exclusivo privilégio que derivam à Virgem os títulos que lhe atribuímos. Também podemos fazer, entre a santidade individual de Maria e sua maternidade divina, uma distinção sugerida pelo próprio Jesus Cristo: ‘Uma mulher levantou a voz do meio da multidão e lhe disse: bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos que te amamentaram. Mas Jesus replicou: ‘Mais bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a praticam’ (Lc 11,27). Na realidade, ‘Maria, filha de Adão, consentindo na palavra divina, se fez Mãe de Jesus. E abraçando a vontade salvífica de Deus com todo o coração, não retida por nenhum pecado, consagrou-se totalmente como serva do Senhor à pessoa e obra do seu Filho, servindo sob ele e com ele, por graça de Deus onipotente, ao mistério da redenção’ (Lumen gentium, 56). Deus se fez carne por meio de Maria, começou a fazer parte de um povo, constituiu o centro da história. Ela é o ponto de união entre o céu e a terra. Sem Maria desencarna-se o Evangelho, desfigura-se e transforma-se em ideologia, em racionalismo espiritualista. Paulo VI assinala a amplidão do serviço de Maria com palavras que têm um eco muito atual em nosso Continente: Ela é a mulher forte que conheceu a pobreza e o sofrimento, a fuga e o exílio (Cf. Mt 2,13-23); situações estas que não podem escapar à atenção de quem quiser dar apoio, com espírito evangélico, às energias libertadoras do homem e da sociedade. Apresentar-se-á Maria como a mulher que com a sua ação favoreceu a fé da comunidade apostólica em Cristo e cuja função materna se dilatou, vindo a assumir, no Calvário, dimensões universais” (Puebla, 301 e 302)” (Mario Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite