Sexta, 11 de dezembro de 2020

(Is 48,17-19; Sl 01; Mt 11,16-19) 

2ª Semana do Advento.

“Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho dos malvados nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na Lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar” Sl 01,1-2.

“Para o piedoso hebreu, a lei não era aquele código jurídico, frio e rígido, composto de ‘permitido e proibido’, que nos foi transmitido pela herança romana. Ao contrário, a lei era o mais belo dom de Deus ao seu povo, que Ele amava e com eles havia firmado uma Aliança. O homem sem lei é o homem abandonado a si mesmo, que não sabe como comportar-se, que não conhece as normas do seu próprio ser. A lei de Deus é vital, é uma regra de vida: ‘Eis que hoje ponho diante de ti a vida e a felicidade, a morte e a desgraça. Se obedeceres ao mandamento do Senhor teu Deus, amando ao Senhor, seguindo seus caminhos... viverás e te multiplicarás, e o Senhor teu Deus te abençoará (Dt 30,15-16). A verdadeira sabedoria não consiste tanto em saber quanto em saborear a lei, em comprazer-se nela. E isto só se consegue através da meditação diuturna, através do obedecer amando: ‘em minha reflexão ateou-se o fogo!’ (Sl 39,4). É o que procura inculcar o mais longo de todos os salmos, o 119, em cada um dos seus 176 versículos. Também Jesus preocupou-se muito em ligar a obediência ao amor: ‘Se me amais, guardareis meus mandamentos’ (Jo 14,15); ‘este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros’ (Jo 15,12). Animada pelo amor, a lei é espírito que vivifica: esvaziada do amor, é apenas letra que mata (2Cor 3,6). ‘Meditando dia e noite na Lei do Senhor...’ Colocando estas palavras como coração e centro propulsor de sua Regra monástica, os primitivos Carmelitas conseguiram transformar o Carmelo numa verdadeira escola de oração e contemplação, que perdura até hoje, produzindo sazonados frutos, do porte de Teresa D’Ávila e João da Cruz. – Senhor, ensinai-nos a meditar e amar os vossos preceitos, a fim de que possamos ser como aquelas árvores viçosas, plantadas à beira do rio, que nunca perdem sua folhagem, e dão seus frutos abundantes contrastando com o mundo murcho e estéril em que vivemos. Amém (Geraldo de Araújo Lima – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite