(Is
61,1-2a.10-11; Sl Lc 1; 1Ts 5,16-24; Jo 1,6-8.19-28).
1. O Advento e o tempo da Quaresma têm no seu ciclo
um domingo chamado da ‘alegria’. Talvez uma tentativa de ‘turbinar’ o coração
daquele que vive seriamente esse período de preparação às festas principais do
nosso calendário cristão católico.
2. É Paulo, particularmente, que nos convida a
estarmos alegres. Como bem sabemos, não é uma alegria qualquer, superficial e
mundana de um Natal comercial, mas de uma existência em comunhão com Deus. O
profeta Isaias também fala dessa alegria de quem experimenta a ação de Deus em
sua vida.
3. Os dois textos nos levam ao encontro da alegre
presença de João Batista em seu testemunho e anúncio do Messias. É o primeiro
texto do evangelista João que vem como complemento ao nosso breve evangelho de
Marcos, para expandir um pouco mais a figura do Batista.
4. Intrigados com a personalidade do Batista, os
chefes religiosos de Israel enviam emissários para conhecer a identidade deste
profeta popular que está batizando nas margens do rio Jordão. Nessa
confrontação com os enviados, o Precursor faz o papel de testemunha de defesa
em favor de Jesus.
5. Para entendermos o porque das perguntas,
lembremos que havia uma crença que Elias voltaria e precederia a chegada do
Messias. Mas João deixa claro que ele é o Precursor, e que seu batismo prepara
para a vinda do Messias, mesmo sendo um batismo só de água. O que virá é maior
que ele e já se encontra entre eles, mas não o reconhecem.
6. Assim o texto nos permite recolher dessa figura
a sinceridade e a lealdade; humildade e sensatez que não sucumbem à vaidade de
se dar importância nem de se embriagar com os aplausos da multidão. E por fim o
testemunho profético, conforme vemos nos episódios espalhados nos evangelhos.
7. Há algo que não podemos perder de vista por trás
desse texto. Os discípulos de João Batista fizeram frente às primeiras
comunidades, pois defendiam que João era o Messias e que Jesus foi batizado por
ele. Por isso para dar fim a essa polêmica o autor coloca na boca do próprio Batista
a negação do seu título messiânico, aqui e em outros momentos de sua narrativa.
8. O texto nos pergunta, de forma indireta, se
enquanto cristãos, conhecemos e testemunhamos a Cristo suficientemente. Por
outro lado, quando nos é proposta a alegria, sentimos a elevada porcentagem de
desencanto e desilusão entre jovens e adultos diante da sociedade em que
vivemos.
9. Todo esse desencanto cria tristeza, depressão,
mal-estar, pesar, ansiedade e angústia: isto mostra os polos opostos da alegria
de viver. Em meio a essa crise de valores, somos lembrados da necessidade do
testemunho da alegria cristã. O testemunho é sempre uma interrogação para os
demais: o que os move?
10. A melhor disposição para ser testemunhas de
esperança e fraternidade é vive-las pessoalmente pela fé; crer em Deus e crer
no ser humano, e servir aos mais frágeis entre nós. Paulo nos pede que não
deixemos apagar o Espírito. Ele é o alento de vida e alegria, é fogo, chama e
luz. É o amor que nos permite reconciliar e nos leva às verdadeiras fontes da
alegria.
Pe. João Bosco Vieira Leite