Quinta, 10 de dezembro de 2020

(Is 41,13-20; Sl 144[145]; Mt 11,11-15) 

2ª Semana do Advento.

“Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos céus sofre violência,

e são os violentos que o conquistam” Mt 11,12.

“O reino dos céus sofre violência dos dois lados: do lado dos maus, que querem destruí-lo, e do lado dos bons, que querem conquista-lo. Contra ele está a violência da adúltera Herodiades e do lascivo Herodes; dos interesseiros anciãos do povo judeu e dos arrogantes imperadores romanos... Contra ele investe a violência das hostes infernais nas suas mais diversas manifestações: heresias, apostasias, perseguições, paganismo, materialismo, etc. Porém, o reino dos pobres em espírito, dos mansos, dos pacíficos, das criancinhas... Jamais será dos violentos. Mas, atenção: há violência dos bons! Para alguém chegar a ser pobre em espírito é preciso fazer-se muita violência e arrancar de si todo apego às coisas materiais. Para alguém chegar a ser manso é preciso fazer-se muita violência e amansar as feras que tem dentro de si: soberba, orgulho, amor-próprio, vaidade... Para alguém tornar-se pacífico é preciso primeiro mover guerra contra seus instintos e paixões desordenadas, a fim de pacificar seu interior. Para alguém tornar-se como criança, simples autêntica e transparente, é preciso fazer-se violência contínua contra uma série de inimigos internos e externos. Quanta violência teremos que nos fazer para chegarmos ao ‘amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem’, ao ‘perdoar setenta vezes sete vezes’; ao ‘negar-se a si mesmo, tomar sua cruz e seguir o Mestre’! O violento Paulo sabe como arrebatar violentamente este reino: ‘os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as paixões e concupiscência’ (Gl 5,24). Nada mais cristão do que a cruz; nada mais violento do que a cruz! – Senhor Jesus, se tiveste que pagar um preço tão elevado para resgatar-nos, por que não haveremos também de enfrentar qualquer preço para resgatar-vos? Afinal de contas, o amor é uma conquista recíproca! Amém” (Geraldo de Araújo Lima – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite