(Is 41,13-20; Sl 144[145]; Mt 11,11-15)
2ª Semana do Advento.
“Desde os dias de
João Batista até agora, o Reino dos céus sofre violência,
e são os violentos
que o conquistam” Mt 11,12.
“O reino dos céus
sofre violência dos dois lados: do lado dos maus, que querem destruí-lo, e do
lado dos bons, que querem conquista-lo. Contra ele está a violência da adúltera
Herodiades e do lascivo Herodes; dos interesseiros anciãos do povo judeu e dos
arrogantes imperadores romanos... Contra ele investe a violência das hostes
infernais nas suas mais diversas manifestações: heresias, apostasias,
perseguições, paganismo, materialismo, etc. Porém, o reino dos pobres em
espírito, dos mansos, dos pacíficos, das criancinhas... Jamais será dos
violentos. Mas, atenção: há violência dos bons! Para alguém chegar a ser pobre
em espírito é preciso fazer-se muita violência e arrancar de si todo apego às
coisas materiais. Para alguém chegar a ser manso é preciso fazer-se muita
violência e amansar as feras que tem dentro de si: soberba, orgulho, amor-próprio,
vaidade... Para alguém tornar-se pacífico é preciso primeiro mover guerra
contra seus instintos e paixões desordenadas, a fim de pacificar seu interior.
Para alguém tornar-se como criança, simples autêntica e transparente, é preciso
fazer-se violência contínua contra uma série de inimigos internos e externos.
Quanta violência teremos que nos fazer para chegarmos ao ‘amai os vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem’, ao ‘perdoar setenta vezes sete
vezes’; ao ‘negar-se a si mesmo, tomar sua cruz e seguir o Mestre’! O violento
Paulo sabe como arrebatar violentamente este reino: ‘os que são de Cristo Jesus
crucificaram a carne com as paixões e concupiscência’ (Gl 5,24). Nada mais
cristão do que a cruz; nada mais violento do que a cruz! – Senhor Jesus,
se tiveste que pagar um preço tão elevado para resgatar-nos, por que não
haveremos também de enfrentar qualquer preço para resgatar-vos? Afinal de
contas, o amor é uma conquista recíproca! Amém” (Geraldo de
Araújo Lima – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite