Sexta, 25 de dezembro de 2020

(Is 52,7-10; Sl 97[98]; Hb 1,1-6; Jo 1,1-18) 

Missa do Dia.

“E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai

como filho unigênito, cheio de graça e de verdade” Jo1,14.

“É Natal! Porém, o que é mesmo Natal? Observe como o enxergam os olhos do teólogo-evangelista João: é aquele momento solene da história em que a Palavra criadora de Deus – a Sabedoria incriada! – decidiu descer até nós e assumir a nossa realidade. E assumiu para valer: fez-se carne! E veio para ficar: armou sua tenda entre nós! Talvez essa expressão já não tenha muito a nos dizer hoje. Não vivemos em tendas como os nômades, e os nossos campings são de uma transitoriedade incrível. Mas, acompanhemos um pouco a história da tenda no livro do Êxodo: Deus quer habitar no meio do povo de Israel, por isso ordena que se faça uma tenda-santuário para si no centro do acampamento (Ex 25,8). Pouco depois, esse povo trai escandalosamente a Deus, fazendo e adorando um bezerro de ouro (Ex 32). Deus se sente profundamente magoado e ordena que a tenda-santuário seja armada fora, a certa distância do acampamento (Ex 33,7). A infidelidade provocou a separação. Todo o subsequente trabalho dos profetas será o intuito de restabelecer esta união: ‘Eu te desposarei para sempre; eu te desposarei na justiça e no direito, no amor e na ternura. Eu te desposarei na fidelidade e conhecerás o Senhor’ (Os 2,21-22). Foram séculos e mais séculos de atribulada espera, até que chegasse ‘a plenitude dos tempos...’. Natal é a plenitude dos tempos; é a reconciliação entre Deus e os homens; é a celebração definitiva do matrimônio espiritual entre a divindade e a humanidade. A tenda, que a infidelidade expulsara para fora do acampamento, voltou a ser armada dentro do mesmo, no meio de nós. – Senhor Deus, o Natal não acabou aí. A tenda que está em nosso meio deverá ser montada dentro de cada um de nós: ‘Se alguém me ama, guarda minha palavra, o Pai o amará e viremos e nele faremos morada’ (Jo 14,23). Só então o Natal será completo. Amém (Geraldo de Araújo Lima – Graças a Deus [1995] – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite