(Is 52,7-10; Sl 97[98]; Hb 1,1-6; Jo 1,1-18)
Missa do Dia.
“E a Palavra se fez
carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe
do Pai
como filho unigênito,
cheio de graça e de verdade” Jo1,14.
“É Natal! Porém, o
que é mesmo Natal? Observe como o enxergam os olhos do teólogo-evangelista
João: é aquele momento solene da história em que a Palavra criadora de Deus – a
Sabedoria incriada! – decidiu descer até nós e assumir a nossa realidade. E
assumiu para valer: fez-se carne! E veio para ficar: armou sua tenda entre nós!
Talvez essa expressão já não tenha muito a nos dizer hoje. Não vivemos em
tendas como os nômades, e os nossos campings são de uma transitoriedade
incrível. Mas, acompanhemos um pouco a história da tenda no livro do Êxodo:
Deus quer habitar no meio do povo de Israel, por isso ordena que se faça uma
tenda-santuário para si no centro do acampamento (Ex 25,8). Pouco depois, esse
povo trai escandalosamente a Deus, fazendo e adorando um bezerro de ouro (Ex
32). Deus se sente profundamente magoado e ordena que a tenda-santuário seja
armada fora, a certa distância do acampamento (Ex 33,7). A infidelidade
provocou a separação. Todo o subsequente trabalho dos profetas será o intuito
de restabelecer esta união: ‘Eu te desposarei para sempre; eu te desposarei na
justiça e no direito, no amor e na ternura. Eu te desposarei na fidelidade e
conhecerás o Senhor’ (Os 2,21-22). Foram séculos e mais séculos de atribulada
espera, até que chegasse ‘a plenitude dos tempos...’. Natal é a plenitude dos
tempos; é a reconciliação entre Deus e os homens; é a celebração definitiva do
matrimônio espiritual entre a divindade e a humanidade. A tenda, que a
infidelidade expulsara para fora do acampamento, voltou a ser armada dentro do
mesmo, no meio de nós. – Senhor Deus, o Natal não acabou aí. A tenda
que está em nosso meio deverá ser montada dentro de cada um de nós: ‘Se alguém
me ama, guarda minha palavra, o Pai o amará e viremos e nele faremos morada’
(Jo 14,23). Só então o Natal será completo. Amém” (Geraldo de
Araújo Lima – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite