(Tg 4,1-10; Sl 54[55]; Mc 9,30-37)
7ª Semana do Tempo Comum.
“Jesus sentou-se,
chamou os doze e lhes disse: ‘Se alguém quiser ser o primeiro,
que seja o último de
todos e aquele que serve a todos!’” Mc 9,35.
“Um dos grandes males
que assolam a Igreja cristã é o fato de haver cristãos dentro dela com os
mesmos sentimentos que dominam as relações de poder no mundo. Há disputa de
mando, procura de influência e brigas e mais brigas, às vezes entre membros
duma mesma congregação, às vezes entre congregações, diretoria e pastores, às
vezes nas convenções entre candidatos a cargos X ou Y. O consolo único, talvez,
é que ninguém está errado, pois todos se consideram corretos. E o mal não é
novo. Dentro daquele seleto grupo dos doze discípulos de Jesus a disputa já
levantava suas primeiras fumaças, fato que levou Jesus a tomar as devidas
providências. ‘Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último e o servo de
todos’. E daí? Será que uma simples frase pode resolver esse vulcão prestes a
explodir da busca de poder? De modo algum. Acontece, porém, que tais palavras
se ligam indissoluvelmente ao centro do próprio cristianismo – o perdão que
Deus nos dá. E o que faz o perdão? Elimina a culpa e estabelece um
relacionamento de puro amor e graça entre Deus e nós – relacionamento que, da
nossa parte, chamamos de fé. A partir desse momento não há mais egoísmo, nem
medo, nem interesse próprio, nem vontade de mandar nos outros, nem procura de
arrastar para si todas as honras e glórias, pois da fé nasce o amor e o amor
vive para os outros. E isso não fica tão-somente na retórica de teólogos e
pregadores. Quantos cristãos em casa, na fábrica, no escritório, no campo, na
escola, no transporte não estão vivenciando seu humilde serviço, humilde e
útil! Lamentamos, é bem verdade, que brigas e lutas se manifestam com tanta
frequência entre nós e em nós, individualmente, pois não somos perfeitos. E se
formos flagrados em imperfeição, busquemos o perdão de Deus. É nesse perdão que
vamos encontrar forças para viver. – Senhor Jesus, minha velha natureza
não quer servir a não ser a si mesma. Faze-me vencer esse egocentrismo com o
teu perdão para poder servir ao meu próximo. Amém” (Martinho Lutero e
Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite