Sexta, 14 de fevereiro de 2020


(1Rs 11,29-32; 12,19; Sl 80[81]; Mc 7,31-37) 
5ª Semana do Tempo Comum.

“Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que impusesse a mão” Mc 7,32.

“A cura seguinte também se dá no território pagão da Decápole. Jesus não tem medo do contato com os pagãos. Segundo Marcos, as curas acontecem em pagãos e no mundo que os cerca. Primeiro trazem um surdo-mudo, para que Jesus lhe imponha as mãos. As pessoas esperam que, pela imposição das mãos, o poder curador de Jesus ajude o doente. Quando tento imaginar como deve sentir-se um surdo-mudo, ocorre-me em primeiro lugar que lhe falta toda relação verdadeira com os outros. Quem é incapaz de ouvir a voz do outro nunca entrará em contato com as emoções daquele que encontra sua expressão na voz. E, se ele é incapaz de falar, nunca haverá um diálogo com o outro que o ligue a ele e lhe dê um novo entendimento. Pode ser também que tenham calado a sua boca. Talvez não pudesse falar porque lhe cortassem a palavra e o corrigissem a todo instante. Talvez tenha fechado os ouvidos porque ouviu muita rejeição e crítica. Não quer ouvir mais nada, porque aquilo que ele ouviu até agora só serviu para machuca-lo. Jesus cura o surdo-mudo em seis etapas. O primeiro passo consiste em toma-lo à parte, afastando-o da multidão. A terapia precisa sempre de um espaço para o encontro pessoal, de modo que o paciente se sinta protegido para que possa mostrar-se como ele é realmente. Jesus concede ao doente um tratamento especial, dando-lhe toda sua atenção, para que sua confiança cresça. Frequentemente, os surdos-mudos estão cheios de desconfiança, porque vivem num mundo sem ruídos. Assim não podem saber o que os outros estão falando para eles e sobre eles. Todos os demais passos da terapia de Jesus visam reforçar essa confiança, para que a língua do mudo possa soltar-se e seus ouvidos possam abrir-se” (Anselm Grun – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite