Quarta, 12 de fevereiro de 2020

(1Rs 10,1-10; Sl 36[37]; Mc 7,14-23) 
5ª Semana do Tempo Comum.

“Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios...”
Mc 7,21

“Este versículo do texto do evangelista Marcos apresenta um contexto em que Jesus fala sobre o alimento (cf. 7,14-23). Na tradição judaica o alimento deve ser adequado, apropriado, deve ser, como dizem os judeus, ‘Kosher’. Só se consome aquilo que é permitido pela lei judaica. Aquilo que é consumido inadequadamente é impuro e, consequentemente, torna impuro quem o consome. Assim, restrições e regras são impostas, como, por exemplo, os animais permitidos para consumo devem ser ruminantes e ter o casco definido; os peixes devem ter nadadeiras e escamas; os frutos do mar são proibidos, assim como os seres vivos que rastejam sobre seus ventres. Jesus, no entanto, torna puro todos os alimentos porque declara que o que entra pela boca do ser humano não pode penetrar seu coração e, portanto, não pode torna-lo impuro, ao passo que aquilo que sai do coração do ser humano, isto sim, pode torna-lo impuro. Com Jesus, tudo começa a mudar. A irrupção do Reino de Deus impõe novas respostas. No Reino de Deus só se pode entrar com um coração novo, é preciso uma mudança radical. E é no coração que se encontram as emoções, os comportamentos, no coração reside o que há de mais profundo no ser humano. Portanto, a mudança tem que acontecer de dentro para fora. A observância da lei não garante um coração puro, limpo, compassivo e misericordioso. É preciso ir além. O que mancha a humanidade é a injustiça, a indiferença, a maldade. O que mancha a pessoa é aquilo que nasce em seu coração e se manifesta em suas atitudes. O Reino de Deus é de justiça, compaixão, solidariedade, acolhimento e bondade. Nossos atos devem transparecer o bem, e todos esses sentimentos brotam de um coração puro, que acolhe Deus em seu recôndito. – Peço-vos, Senhor, vem fazer morada em meu coração! Que nenhuma prescrição, instituição, regra ou regimento humano possa me impedir de experimentar e vivenciar junto aos meus irmãos a sua bondade. Amém (Patrícia de Moraes Mendes de Sousa – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite