(1Rs 3,4-13; Sl 118[119]; Mc 6,30-34)
4ª Semana do Tempo
Comum.
“Ao desembarcar, Jesus
viu uma numerosa multidão e teve compaixão,
porque eram como
ovelhas sem pastor” Mc 6,34.
“Ovelhas são animais
fracos, indefesos e, até certo ponto, estúpidos. São vítimas fáceis para todos
os lobos da vida. E ovelhas sem pastor, então, nem se fala! Certa vez, Jesus
viu uma grande multidão, multidão ávida de sensações, de novidades; multidão
que deixou até seus afazeres normais para seguir a Jesus, pois era Jesus a
sensação do momento. Quando ele, porém, a viu, não pôde dominar um sentimento
de compaixão. Por que? Porque eram como ovelhas que não têm pastor. A imagem de
Jesus cala fundo em nossa alma. Quantas vezes nos metemos nesse rebanho sem
aquela palavra abalizada? Queremos um Cristo assim, queremos um Cristo assado,
mas perdemos de vista o Cristo da Cruz e do túmulo vazio. As multidões queriam
um Cristo a seu gosto, um Cristo milagreiro e demagógico, um Cristo que desse
ao mesmo tempo o circo e o pão. Ele deu o pão, mas não o circo. Em lugar disso,
ensinou-lhes muitas coisas. O texto não diz o que eram essas ‘muitas coisas’.
Supomos tratar-se daquilo que normalmente Jesus pregava: palavras que
convidavam ao arrependimento e à fé e estimulavam à vida em amor. Continuamos
nós como ovelhas sem pastor? Continuamos sem entender a proposta de Jesus? Quando
a Igreja Cristã se debruça sobre si mesma, ela muitas vezes encontra um
doloroso vazio, não do Pastor, que continua ali com sua palavra de
arrependimento e fé, mas das ovelhas, que correm para tantos outros pastores à
procura de tantas outras coisas para ouvir. O Pastor, porém, continua a postos
compadecendo-se de nós e ensinando-nos todas as coisas do seu reino de amor.
– Senhor Jesus, tu és meu Bom Pastor. Quero ouvir sempre a tua Palavra,
que me alerta e orienta, instrui e conforta, salva e transforma. Amém” (Martinho
Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] –
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite