Festa da Apresentação do Senhor

(Ml 3,1-4; Sl 23[24]; Hb 2,14-18; Lc 2,22-40).

1. Nessa Festa da Apresentação do Senhor, que encerra o ciclo natalino, mas segue na esteira dos evangelhos que apresentam e aprofundam a missão de Jesus, somos introduzidos com esse texto de Malaquias, que viveu, como outros profetas, tempos difíceis em meio ao povo de Israel.

2. Como em outros tempos, o Senhor promete enviar alguém para colocar em ordem a casa, trazer de volta o coração do povo para Deus em meio a dissolução moral e prática de injustiças. Ele vem para purificar

3. É Jesus que entra no Templo para purifica-lo em vários sentidos trazendo à tona o verdadeiro culto que agrada a Deus, a oferta de si mesmo, como Ele mesmo se ofereceu ao Pai, numa vida que busca praticar a justiça e a caridade, evitando toda forma de pratica religiosa meramente ritualista.

4. A segunda leitura acrescenta a essa visão daquele que vem a Sua experiência humana, fazendo-se semelhante a nós na tentação e no sofrimento, e ao mesmo tempo ser um sacerdote misericordioso na oferta de si pelos pecados do mundo.  

5. Diferentemente do evento pensado por Malaquias, Deus se manifesta ao Seu povo, no Seu templo, de forma diferente. Ele vem como uma criança, de família pobre, que cumpre o preceito estabelecido de sua apresentação e resgate; também da purificação da mãe.

6. Nesse gesto da Sagrada Família somos lembrados dessa missão dos pais de introduzirem os filhos nas práticas religiosas, consagrando os filhos a Deus. Na base de tudo isso está uma educação para fé, que transcende a mera ritualidade.

7. Introduzi-los nos caminhos do amor, da doação de si mesmo, da oração que alimenta a fé e a esperança. Mas tudo isso não conta muito se os próprios pais não viverem primeiro. É por esse caminho que podemos consagrá-los a Deus.

8. O Antigo Testamento acolhe em Simeão e Ana, o Novo que lhes chega nesse Menino, que veio não só para Israel, mas para todos os povos. Aqui estão esses dois idosos como sentinelas a lerem os sinais que Deus lhes oferece e que podem traduzir para as novas gerações.

9. Maria, de maneira particular, recebe de Simeão uma indicação do próprio caminho que percorrerá ao lado do Filho, em comunhão com os sofrimentos do seu povo, perceberá a luz que chegará a tantos corações pelo acolhimento de seu Filho, mas também assistirá a dura rejeição.

10. Ana também faz parte desse quadro que nos pinta Lucas, representado o antigo povo de Deus. Ela também, vinda de uma pequena tribo de Israel, foi capaz, como os pobres no evangelho de Lucas, de reconhecer em Jesus o Salvador.

11. Sua vida e consagração ao Senhor reflete tantas vidas que buscam consagrar-se a Deus numa particular entrega de si no serviço ao Templo e aos irmãos, como quem busca dar sentido a sua existência.

12. Depois desse episódio carregado de significados, a Sagrada Família volta para Nazaré, que segue uma vida normal; mesmo tendo o Menino particular graça de Deus, Ele vive as mesmas condições de seu povo, compartilhando suas experiências, recolhendo e aprendendo aquilo que Ele mesmo aplicará em seus ensinamentos, oferecendo-nos um caminho de Luz. Coloquemo-nos em atitude de escuta...

Pe. João Bosco Vieira Leite