Quinta, 20 de fevereiro de 2020


(Tg 2,1-9; Sl 33[34]; Mc 8,27-33) 
6ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus proibiu-lhes severamente de falar a alguém a seu respeito” Mc 8,30.

“Estranha-nos a ordem de Cristo, pois sempre ouvimos dizer que devemos testemunhar dele, falar do evangelho, etc. como, então, calar? Como calar diante do fato de que aquele Jesus, com o qual Pedro e seus companheiros conviviam, era o Messias, o Cristo, esperado há tantos e tantos séculos? Há momentos em que é melhor calar. Há momentos em que falar confunde. Era esse o caso da declaração de Pedro – ‘Tu és o Cristo’ – pois, nesse momento, o que significa o conceito Cristo? Aos olhos nacionalistas do povo, Cristo era o líder revolucionário que traria libertação meramente política e, ainda assim, apenas para os judeus. Nesse contexto, de que adiantaria dizer que Jesus era Cristo? Nada. Para que tal declaração pudesse ter algum efeito positivo, primeiro teria ele de criar um conteúdo para o tipo de cristo que ele encarnava para, só então, anunciar ao mundo que ele era de fato o ‘Cristo’. Enquanto isso não acontece, o título deveria ficar trancado em absoluto silêncio. Hoje, porém, esse silêncio não deve ser em hipótese alguma a característica principal da Igreja cristã. Mas como teria sido bom se a Igreja tivesse permanecido calada especialmente quando apresentou ao mundo não o verdadeiro Cristo, amoroso, gracioso, perdoador e libertador, mas o falso cristo, rancoroso, intransigente, cobrador e opressor. Em ocasiões como essa, o silêncio teria sido o propalado ouro do ditado popular. Pelo menos não teria sido impedimento para o santo evangelho. Falar, porém, sobre o verdadeiro Cristo, sobre o conteúdo que ele emprestou a esse conceito – eis a nossa tarefa, tarefa sobre a qual não deve pesar nenhum silêncio. – Ó Jesus Cristo, nem sempre compreendemos o alcance do título que ostenta praticamente como um sobrenome. Faze-nos ver que ele implica sofrimento e cruz – da tua parte como o Senhor Nosso: da nossa, como seguidores teus. Amém (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite