Terça, 11 de fevereiro de 2020

(1Rs 8,22-23.27-30; Sl 83[84]; Mc 7,1-13) 
5ª Semana do Tempo Comum.

“Assim vós esvaziais a palavra de Deus com a tradição que vós transmitis.
E vós fazeis muitas outras coisas como estas” Mc 7,13.

“Para Jesus, a lei só tinha uma única finalidade: dinamizar e estimular a que mantivesse os homens nesse caminho em direção ao Pai, onde, no fim, se encontrariam com os outros, reconhecendo neles seus irmãos, filhos do mesmo Pai, obtendo assim a vida, a vida em abundância (cf. Jo 10,10). Em vez de levar o homem a fechar-se dentro de si mesmo e dentro do esquema da sua própria segurança, a lei devia leva-lo àquela compreensão da vida, definida na regra de ouro: ‘Tudo aquilo que você gostaria que o outro lhe fizesse, faça-o você a ele. Isto é, em resumo, toda a lei e os profetas’ (Mt 7,12). Jesus não veio para decretar algumas leis a mais, mas veio para revelar o objetivo da lei, completamente distorcido pela tradição dos fariseus. A justiça que os fariseus pretendiam atingir com a observância da lei não levava, de maneira alguma, ao fim desejado por Deus (Mt 5,20), mas levava apenas a uma miragem, inventada por eles mesmos. O objetivo da lei era ajudar os homens a criarem condições para construir a fraternidade, expressa naquela regra de ouro e tantas vezes afirmada por Jesus; fraternidade, nascida da consciência de que Deus é Pai de todos e de que todos são e devem ser irmãos. Com outras palavras, a lei foi dada para ajudar o homem a sair de si mesmo e chegar a uma doação total de si aos outros. Era isso que Deus pretendia quando deu a lei e é esse o sentido dos contrastes entre o antigo e o novo, enumerados na primeira parte do Sermão da Montanha (Mt 5,21-48). Caminhando por esse caminho, o homem iria crescer e atingir a verdadeira liberdade. Esse era o Reino de Deus que Jesus anunciava e que ele já colocava presente na sua vida. Essa fraternidade e liberdade que a lei visava construir, Jesus a anunciou não só e nem em primeiro lugar por meio de palavras e discursos. Antes de tudo, ele a viveu e a colocou presente na sua vida. A sua vida esclarece e explica a sua mensagem. Jesus foi radicalmente obediente à lei, porque encarnou em si o objetivo da lei, acolhendo a todos, valorizando os que conviviam com ele, não desprezando ninguém, criticando a falsidade, desmascarando a hipocrisia da sociedade, sofrendo os ataques dos que se viam ameaçados por ele, e colocando-se à disposição de quem dele precisasse” (Carlos Mesters – Palavra de Deus na História dos Homens Vol. 2 – Editora Beneditina Ltda.)   

 Pe. João Bosco Vieira Leite