Quarta, 05 de fevereiro de 2020


(2Sm 24,2.9-17; Sl 31[32]; Mc 6,1-6) 
4ª Semana do Tempo Comum.

“E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos” Mc 6,5.

“Fazer milagre não é coisa fácil. Que o diga o próprio Jesus, que, aliás, tinha tudo para fazê-los: era o Filho Unigênito de Deus assumiu a humanidade exatamente para, mostrando sua origem, libertar a humanidade; além do mais, estava em Nazaré, cidade da sua infância e juventude. Justamente aí, porém, seus milagres não se deram. Fosse ele um simples aprendiz de feiticeiro, poderíamos dizer tratar-se de nervosismo, inexperiência, ou coisa que valha. Mas ele era o Filho de Deus. O que mais uma vez demonstra a dificuldade do tal milagre. Fazer milagre, de fato, não é coisa fácil, principalmente para quem não faz do milagre uma obra de circo. Milagre – autêntico, de Deus – não é coisa fácil. É coisa séria. E é tão séria que, via de regra, acontece numa relação de envolvimento pessoal com o próprio Cristo, relação essa que chamamos de fé. Isso não significa seja a nossa fé a causa do milagre, ou a predisposição para aceitarmos como realidade uma ilusão dourada. A fé, no caso, apenas aceita aquilo que Deus faz, o próprio Jesus acabou realizando milagres perante pessoas que não tinham fé alguma. Que Jesus tenha curado leprosos, surdos e cegos e, até mesmo, ressuscitado a mortos – qual o valor disso para nós hoje sem a fé que nos liga ao próprio Jesus? Sem a fé seriam meras informações que penduraríamos no armário das curiosidades para, mais cedo ou mais tarde, trocarmos por outras mais divertidas. Com a fé, porém, entendemos que ali está Deus Encarnado manifestando não exatamente poder, mas amor, amor que é o verdadeiro milagre de todo milagre. Por essa causa, não fiquemos tão angustiados se coisas espetaculares não acontecem ao nosso redor com tanta frequência. Afinal, o mais importante nunca cessa. – Senhor Jesus, teus milagres acontecem diariamente em nossa vida, pois nossa vida é um reflexo do teu amor. Faze com que tanto amor concedido a nós seja transferido ao nosso próximo. Esse, na verdade, é o grande milagre que o mundo espera daqueles que creem em ti – e não por diversão mas por necessidade urgente. Dá-nos, portanto, o querer sermos para o mundo teu grande milagre. Amém (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite