5º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Is 58,7-10; Sl 11[112]; 1Cor 2,1-5; Mt 5,13-16)

1. Com a festa da Apresentação do Senhor não ouvimos o início do Sermão da Montanha que começa com as bem-aventuranças. Esse primeiro discurso de Jesus se estende até o IX Domingo do Tempo Comum. Aqui Mateus reúne e sintetiza vários temas da pregação de Jesus em ocasiões distintas.

2. Uma vez que os discípulos optaram caminhar com Jesus, é preciso compreender quais as linhas gerais desse Reino anunciado por Jesus. Por meio de três parábolas-provérbios, Jesus nos mostra o que é ser discípulo: sal da terra, luz do mundo e cidade construída sobre o monte.

3. As três imagens apresentadas convergem para uma única direção: o testemunho de uma vida que se faz serviço aos outros, como foi a vida do próprio Jesus.

4. Sob a imagem do sal encontramos uma quantidade significativa de simbolismos, uma grande riqueza expressiva para nos dizer como deve ser a nossa existência ou presença em meio a sociedade. O aspecto que mais salta à vista é o seu uso culinário, percebe-se no sabor, ao se diluir, tanto quanto sua ausência.

5. Assim Jesus nos diz que a presença cristã é humilde, discreta, mas perceptível. Como o sal, atua a partir de dentro, não se nota, mas é indispensável. Jesus não vê a fé cristã como algo negativo e triste, mas alegre e prazeroso. Ser sal e sabor da vida, ser esperança e otimismo para o tédio e aborrecimento da existência.

6. A luz é outra imagem de forte significado bíblico, que atravessa as Escrituras desde o Gênesis para desembocar na revelação de Jesus como luz do mundo. Nesse itinerário está também o ser humano na busca da verdade e da compreensão do próprio mistério da sua existência. Jesus traz luz sobre a busca que fazemos.

7. O Batismo desperta em nós essa consciência de que somos iluminados pela luz de Cristo, essa chama que foi acesa em nós é transmitida pela nossa vivência diária e busca de nossa identidade cristã. Nessa luta contra as trevas, declarada por Cristo, fazemo-nos aliados.

8. Essas duas imagens principais falam de um testemunho evangélico e nos ajudam a estar atentos à tentação de uma vivência de fé alienante, conforme a 1ª leitura, exclusivamente ritualista, sem ação no cotidiano da vida.

9. Por outro lado, é preciso não cair na tentação de resultados imediatos, como nos fala Paulo depois de seu fracasso em Atenas, mesmo com um discurso impecável. A força do evangelho não se encontra na eficácia dos meios, mas na força do Espírito que apoiam a debilidade e o temores do apóstolo.

10. Tornar-se essa cidade construída sobre o monte, que é Cristo, na inevitável condição de existir, de ser, sem ostentação, humilde, mas sólida, cuja base e segurança se encontram na consciência e compromisso da fé abraçada. Em outras palavras: apoiada em Deus e na eficácia da cruz e ressurreição de Jesus. 

Pe. João Bosco Vieira Leite