Terça, 6 de agosto de 2019


(Dn 7,9-10.13-14; Sl 96[97]; Lc 9,28-36) 
Transfiguração do Senhor.

“Eis que dois homens estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias.
Eles apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a morte que Jesus iria sofrer em Jerusalém”
Lc 9,30-31.

“Onde se manifesta a vontade de Deus? Qual é a vontade de Deus? A morte é vontade de Deus? Ali estão as mortes mais contraditórias: morte serena e morte trágica, morte de velhinhos e morte de crianças, morte em trânsito e morte em acidente de trabalho, morte inesperada e morte prolongada. E em quase todas as situações se fala: ‘foi vontade de Deus’. Como entender a morte em acidentes, a morte por suicídio ou homicídio, a morte de crianças, a morte de fome como vontade de Deus? Expressar-se desse jeito não é blasfemar? Sabemos que Deus quer vida. Tudo o que favorece a vida está realizando a vontade de Deus. Deus é vida e tudo o que produz vida está dentro do plano de Deus. A morte como tal é um mal. A morte é acidente dentro da vida. Nascemos para viver eternamente. Nascemos para não mais morrer. Somos eternos. Mas devido ao pecado que desorganizou o universo e o mundo material, a morte aparece como uma necessidade, como momento de transformação, de novo nascimento, de mudança de casa, porque essa casa mortal e material se torna incapaz de cultivar a vida. Porém, a morte muda de sentido quando se envolve de amor. Morrer por amor é o único jeito de morrer. É a grande lição do Cristo. Assumiu a morte como gesto de dar a vida por muitos, para o perdão dos pecados. Assumiu o fracasso da morte para que aqueles que vivessem como Ele, pudessem com ela obter o sucesso. Morrer por amor é realizar a vontade de Deus. É necessário esse parto duro para se obter um nascimento glorioso. Porém, quem vive no amor e por amor, pode dizer como São Francisco: ‘vem, irmã morte’. – Deus da vida e da morte, ajuda-me a viver bem para morrer bem. Que minha morte seja entrega de vida, seja doação por amor. Que eu saiba viver cada momento de minha vida como um ato de amor, para que minha morte seja suave, sem tragicidade e sem revolta. Amém (Wilson João Sperandio – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite