(Dn 7,9-10.13-14; Sl 96[97]; Lc 9,28-36)
Transfiguração do Senhor.
“Eis que dois homens
estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias.
Eles apareceram
revestidos de glória e conversavam sobre a morte que Jesus iria sofrer em
Jerusalém”
Lc 9,30-31.
“Onde se manifesta a
vontade de Deus? Qual é a vontade de Deus? A morte é vontade de Deus? Ali estão
as mortes mais contraditórias: morte serena e morte trágica, morte de velhinhos
e morte de crianças, morte em trânsito e morte em acidente de trabalho, morte
inesperada e morte prolongada. E em quase todas as situações se fala: ‘foi
vontade de Deus’. Como entender a morte em acidentes, a morte por suicídio ou
homicídio, a morte de crianças, a morte de fome como vontade de Deus?
Expressar-se desse jeito não é blasfemar? Sabemos que Deus quer vida. Tudo o
que favorece a vida está realizando a vontade de Deus. Deus é vida e tudo o que
produz vida está dentro do plano de Deus. A morte como tal é um mal. A morte é
acidente dentro da vida. Nascemos para viver eternamente. Nascemos para não
mais morrer. Somos eternos. Mas devido ao pecado que desorganizou o universo e
o mundo material, a morte aparece como uma necessidade, como momento de
transformação, de novo nascimento, de mudança de casa, porque essa casa mortal
e material se torna incapaz de cultivar a vida. Porém, a morte muda de sentido
quando se envolve de amor. Morrer por amor é o único jeito de morrer. É a
grande lição do Cristo. Assumiu a morte como gesto de dar a vida por muitos,
para o perdão dos pecados. Assumiu o fracasso da morte para que aqueles que
vivessem como Ele, pudessem com ela obter o sucesso. Morrer por amor é realizar
a vontade de Deus. É necessário esse parto duro para se obter um nascimento
glorioso. Porém, quem vive no amor e por amor, pode dizer como São Francisco:
‘vem, irmã morte’. – Deus da vida e da morte, ajuda-me a viver bem para
morrer bem. Que minha morte seja entrega de vida, seja doação por amor. Que eu
saiba viver cada momento de minha vida como um ato de amor, para que minha
morte seja suave, sem tragicidade e sem revolta. Amém” (Wilson João
Sperandio – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite