19º Domingo do Tempo Comum – Ano C


(Sb 18,6-9; Sl 32[33]; Hb 11,1-2.8-19; Lc 12,32-48).

1. O trecho do livro da Sabedoria que nos é oferecido como 1ª leitura, faz parte de um contexto maior onde o autor, desde o capítulo 10, repassa a história de Israel contemplando a atuação de Deus. O nosso texto foca a libertação pascal, da noite da saída do Egito.

2. O autor é ciente que a vida humana é marcada pelos contrastes ao mesmo tempo que se pergunta se haverá uma libertação definitiva. É nesse cenário que a esperança se projeta em Deus. O salmo que se segue ressalta essa expectativa confiante no cumprimento das promessas de Deus.

3. A 2ª leitura estende um pouco mais essa reflexão trazendo-nos algumas definições ou conceitos em torno da fé, como uma atitude prévia daquilo que esperamos de Deus e da vida. A fé não é tanto um sentir, mas uma certeza, não é um raciocínio, mas uma confiança plena em Deus, conforme o viver dos nossos antepassados bíblicos.

4. Toda essa nossa reflexão sobre a fé e a esperança desemboca no evangelho, mesmo nos falando indiretamente dessas realidades, podemos pinçar no texto que a fé não é uma riqueza que se possa ‘armazenar’, ela aumenta na medida que é operativa. Exige-se certa movimentação. Se não é gasta com e para os outros, corre o risco de empobrecer.

5. A reflexão e a oração ajudam, mas não dizem tudo, se esta fé não entra na vida cotidiana e progride por meio das alegrias, esperanças e das expectativas de cada dia. Ela supõe uma vigilância contínua nessa espera, nos dizem as parábolas.

6. A resposta de Jesus à pergunta de Pedro lembra-nos que “nós, cada um segundo a sua vocação, devemos alimentar a espera e colocar-nos ao serviço amoroso e atento da fé de todos aqueles que vivem em nossa casa. Quando repetidamente o magistério do Papa e dos bispos convida as comunidades cristãs a serem missionárias, indica exatamente esse dever. Não se trata de uma obra de ‘propaganda’. Antes ainda de realizar obras de caráter social (mesmo se qualificadas e úteis), estamos ao serviço da ‘fé’ dos nossos irmãos, ou seja, somos chamados a amparar, a suscitar, a convidar e a propor-lhes a abertura total a Deus em Jesus Cristo” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite