Segunda, 26 de agosto de 2019


(1Tes 1,1-5.8-10; Sl 149; Mt 23,13-22) 
21ª Semana do Tempo Comum.

“Ai de vós, mestres da lei e fariseus hipócritas!...” Mt 23,13a.

“As invectivas de Jesus contra os escribas e os fariseus foram usadas muitas vezes, durante a história do cristianismo, como justificativa para atitudes antissemitas. Por isso, recomenda-se certo cuidado na interpretação dessas palavras de Jesus. É um capítulo que certamente ajudou a desenvolver uma imagem distorcida do judaísmo e dos fariseus. Do ponto de vista histórico, explica-se o tom áspero desse capítulo em vista da exclusão da comunidade cristã pelos escribas no sínodo de Samnia, depois da destruição de Jerusalém. A essa altura, os fariseus formavam o único grupo religioso sobrevivente no judaísmo, de modo que acabaram imprimindo-lhe a sua marca. A comunidade de Mateus sofreu com a exclusão da sinagoga. Jesus mesmo mantinha um bom relacionamento com os fariseus. Mas os exegetas judaicos sublinham que a opinião divergente de Jesus se conservava perfeitamente dentro dos parâmetros dos debates em torno da interpretação correta da vontade de Deus. Não se tratava de uma ruptura com a tradição judaica por parte de Jesus, ele apenas dava uma ênfase especial a determinadas alternativas de interpretação. Uma boa parte das críticas dirigidas nesse capítulo 23 a escribas isolados eram apresentadas de modo semelhante por representantes do judaísmo. Historicamente, o judaísmo só conseguiu sobreviver porque, depois da catástrofe de 70, os escribas e fariseus submeteram ‘toda a vida a normas extremamente rígidas para assim tentar conservar as antigas tradições’ (Schweizer, 291). Por outro lado, o jovem movimento de Jesus ‘que tinha experimentado a presença do Espírito, o ressurgimento da ação profética e a grande libertação para o amor’ (ibid., 291), viu-se forçado a distanciar-se com a mesma radicalidade dessa nova interpretação defendida pelos fariseus” (Anselm Grun – Jesus: mestre da salvação – Loyola).  

 Pe. João Bosco Vieira Leite