Sábado, 24 de agosto de 2019


(Ap 21,9-14; Sl 144[145]; Jo 1,45-51) 
São Bartolomeu, apóstolo.

“Filipe encontrou com Natanael e lhe disse: ‘encontramos aquele de quem Moisés escreveu na lei e também nos profetas: Jesus de Nazaré, o filho de José’” Jo 1,45.

“Da série de apóstolos chamados por Jesus durante a sua vida terrena, hoje é apóstolo Bartolomeu que ocupará a nossa atenção. Nas antigas listas dos Doze ele sempre aparece diante de Mateus, enquanto que o nome que o precede varia, podendo ser Filipe (cf. Mt 10,13; Mc 3,18; Lc 6,14) ou Tomé (cf. At 1,13). Seu nome é claramente um patronímico, porque faz referência explícita ao nome do seu pai. De fato, trata-se de um nome de provável origem aramaica, bar Talmay, que significa ‘filho de Talmay’. Não temos notícias relevantes de Bartolomeu; de fato, seu nome aparece apenas nas listas dos Doze recém citadas e, portanto, não o encontramos em nenhum relato. Tradicionalmente, sem dúvida, é identificado com Natanael: um nome que significa ‘Deus deu’. Este Natanael vinha de Caná (cf. Jo 2,2) e, por isso, é provável que tenha sido testemunha do grande ‘sinal’ realizado por Jesus neste lugar (cf. Jo 2,1-11). A identificação dos dois personagens se deve provavelmente ao fato de que este Natanael, na cena da vocação narrada no Evangelho de João, está situado ao lado de Filipe, quer dizer, no lugar que ocupa Bartolomeu nas listas dos apóstolos transmitidas pelos demais Evangelhos. Foi a este Natanael que Filipe comunicou que havia encontrado ‘aquele de quem Moisés escreveu na Lei e também os profetas: é Jesus de Nazaré, o filho de José’ (Jo 1,45). Como sabemos, Natanael lhe respondeu com um julgamento bastante duro: ‘De Nazaré pode sair coisa boa?’ (Jo 1,46a). Essa resposta é importante para nós. É que nos faz ver que segundo as expectativas judaicas, o Messias não podia proceder de um povoado tão obscuro como Nazaré (cf. também Jo 7,42). Ao mesmo tempo, sem dúvida, põe em evidência a liberdade de Deus, que surpreende as nossas expectativas aparecendo precisamente onde não o esperávamos. Por outro lado, sabemos que Jesus, na verdade, não era só ‘de Nazaré’, mas que havia nascido em Belém (cf. Mt 2,1; Lc 2,4) e que em última instância procedia do céu, do Pai que está nos céus. O caso de Natanael nos sugere outra reflexão: em nossa relação com Jesus não devemos nos contentar só com palavras. Felipe, em sua resposta, faz a Natanael um convite significativo: ‘Venha e você verá’ (Jo 1,44b). O nosso conhecimento de Jesus necessita sobretudo da experiência viva: o testemunho dos demais é sem dúvida importante, já que normalmente toda a nossa vida cristã começa com a informação que nos chega por obra de uma ou várias testemunhas. Mas logo devemos ser nós mesmos a implicar-nos pessoalmente numa relação íntima profunda com Jesus; de maneira semelhante, os samaritanos, depois de terem ouvido o testemunho da concidadã com quem Jesus havia se encontrado junto ao poço de Jacó, quiseram falar diretamente com Ele, e, depois desta conversa, disseram para a mulher: ‘Já não acreditamos por causa daquilo que você disse. Agora, nós mesmos, ouvimos e sabemos que este é, de fato, o salvador do mundo’ (Jo 4,42)”  (Bento XVI – Os apóstolos e os primeiros discípulos de Cristo – Planeta).

Pe. João Bosco Vieira Leite