(Jz 2,11-19; Sl 105[106]; Mt 19,16-22)
20ª Semana do Tempo Comum.
“Alguém aproximou-se
de Jesus e disse: ‘Mestre, o que devo fazer de bom para possuir a vida
eterna?’”
Mt 19,16.
“Este foi o jovem que
quase ficou discípulo de Jesus. Faltou pouco. Mas o pouco que faltou foi por
causa do muito que possuía. Ao contrário da vocação dos outros discípulos, em
que o Mestre toma a iniciativa e surpreende os chamados, aqui é o jovem que
toma a iniciativa. Pelo desembaraço e segurança com que faz a pergunta, parecia
que ele tivesse algum trunfo escondido. E tinha. Eram suas riquezas. Com elas
pensava possuir também a vida eterna. Era possessivo. Tinha muito, e queria ter
mais. Aí esteve o terrível engano. Se tivesse dado suas riquezas aos pobres
teria um tesouro no céu e estaria livre
para seguir o Mestre. Poderia estar hoje na ladainha dos apóstolos. Mas por que
não quis largar suas riquezas, desapareceu de cena, mergulhou no anonimato, e
deve ter morrido triste ‘porque tinha muitas riquezas’. O episódio serviu para
Cristo desabafar sua decepção, atestando ser tão difícil um rico entrar no
Reino dos Céus. Mas serviu também para transmitir uma lição muito importante.
Não é com nossas posses, com nossas capacidades, com nossos trunfos humanos,
sejam quais forem, que podemos garantir a vida eterna. Pois é por graça que
somos admitidos ao Reino de Deus. Diante do espanto dos discípulos, escutando
Jesus a falar da dificuldade dos ricos se salvarem, Jesus amplia o alcance da
afirmação, e generaliza a constatação, que nos envolve a todos: o que é
impossível para os seres humanos, é possível para Deus. Por isto, o
procedimento certo diante de Deus não é advogar nossos méritos ou usar nossos
pobres trunfos. Melhor é comparecer diante dele de mãos vazias e coração
desprendido de toda e qualquer riqueza. Então estaremos aptos para recebe a
vida eterna. – Senhor, invocamos vosso poder misericordioso, que nos
livre do apego aos bens desta vida, e nos torne sempre mais prontos a seguir
vosso chamado. Amém!” (Dom Luís Demétrio Valentini – Meditações
para o dia a dia [2015] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite