Segunda, 12 de agosto de 2019


(Dt 10,12-22; Sl 147[147B]; Mt 17,22-27) 
19ª Semana do Tempo Comum.

“Quando chegaram a Cafarnaum, os cobradores do imposto do templo aproximaram-se de Pedro e perguntaram: ‘O vosso mestre não paga o imposto do templo?’” Mt 17,24.

“No episódio do imposto do templo está em jogo um tributo puramente judaico. As autoridades judaicas cobram o imposto do templo, uma didracma, para cobrir os custos de manutenção do templo. Segunda a doutrina rabínica, o imposto do templo tem um efeito expiatório. Seu pagamento exprime a atitude de quem leva a sério o templo e a lei, esperando deles a salvação. Os cobradores do imposto do templo não se dirigem diretamente a Jesus. Parece que não estão com coragem de discutir esse assunto com ele. Por isso procuram Pedro que, outra vez, responde como representante dos discípulos da comunidade cristã. Pedro diz que o mestre paga o imposto do templo. Mas, depois, Jesus instrui com uma pergunta estranha: ‘Qual é o teu parecer, Simão? Os reis da terra, de quem recebem as taxas ou impostos? Dos filhos ou dos estranhos?’ (7,25). A essa pergunta, Pedro só pode responder: ‘Dos estranhos’. É lógico que os reis não cobram impostos dos seus próprios filhos. Jesus tira desse fato conhecido por todos a seguinte conclusão: ‘Então, os filhos estão isentos’ (17,26). Essa pequena frase exprime claramente a visão que Jesus tem dos discípulos e das discípulas, e o que Mateus, seguindo Jesus, entende ser a essência da existência e da comunidade cristãs: os cristãos são filhos e filhas livres de Deus. Eles pertencem diretamente a Deus. Por isso não precisam pagar impostos ao templo. Estão livres do templo e da lei, livres de todo o sistema ritualístico e do cumprimento de mandamentos mesquinhos. Assim, fica claro que Jesus vê na liberdade a essência do ser humano. Este não deve ser escravo da observância de ritos e mandamentos impostos. Mesmo que estes lhe ajudem a expressar a sua relação com Deus, o ser humano não existe em função do templo ou da lei. Ele foi criado por Deus. É filho e filha de Deus. E é isso que constitui a sua essência e o torna livre. A Igreja não deu muita importância a essa liberdade dos filhos de Deus, e por isso o episódio do imposto do templo nunca recebeu muita atenção na história da interpretação dos evangelhos” (Anselm Grun – Jesus: mestre da salvação – Loyola). 

Pe. João Bosco Vieira Leite