(Ct 3,1-4; Sl 62[63]; Jo 20,1-2.11-18)
Santa Maria Madalena.
“Encontraram-me os
guardas que faziam a ronda pela cidade. ‘Vistes porventura o amor de minha
vida?’”
Ct 3,3.
“Muitas legendas se
formaram em torno de Maria Madalena. Os pintores gostam de representá-la. A
Igreja grega, desde cedo, venerou Maria Madalena e celebrou seu dia em 22 de
julho. A Igreja ocidental se juntou à celebração apenas no século IX. A Igreja
oriental via nela a apóstola dos apóstolos, a primeira testemunha da
ressurreição de Jesus, como João descreve no seu evangelho. Segundo a tradição
grega, o túmulo de Santa Maria Madalena se encontra em Éfeso. Maria Madalena é
citada por Lucas como a primeira das mulheres que acompanharam Jesus em suas
peregrinações e o serviram de acordo com suas capacidades. Ela é a mulher de
quem Jesus expulsou sete demônios e que lhe deve, portanto, sua nova vida.
Entre eles nasceu uma profunda amizade. A história da procura do corpo de Jesus
na manhã do sábado da Páscoa é uma história de amor. Em sua descrição, João se
refere três vezes ao terceiro capítulo do Cântico dos Cânticos diz: ‘Sobre o
meu leito, ao longo da noite, procuro aquele que eu amo. Eu procuro e não o
encontro’ (Ct 3,1). Madalena pergunta três vezes onde está o corpo de Jesus.
Três vezes se diz que a noiva, no Cântico dos Cânticos, não encontrou aquele
que sua alma ama. Por fim a cena do ‘Não me retenhas!’ (Jo 20,17) refere-se à
passagem ‘Seguro-o e não cargo, até tê-lo introduzido na casa de minha mãe’ (Ct
3,4). Maria Madalena é, para João, a grande amante, a mulher que procura em
Jesus aquele que sua alma ama. [...] Então Maria Madalena é a amiga de Jesus, a
mulher que lhe deve a vida. Os sete demônios que ele expulsou representam o
dilaceramento interior que essa mulher experimentou. Pelo encontro com Jesus,
ela encontrou seu próprio eixo, descobriu sua dignidade e pôde dizer sim a si
mesma. Os demônios não tinham poder sobre ela. As vozes que a rebaixavam e
desvalorizavam ficaram mudas. Ela teve o direito de se colocar de pé e
desfrutar sua dignidade como mulher” (Anselm Grun – Cinquenta
Santos – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite