Quinta, 18 de julho de 2019


(Ex 3,13-20; Sl 104[105]; Mt 11,28-30) 
15ª Semana do Tempo Comum.

“Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso” Mt 11,28.

“A experiência mística, na qual Jesus gostaria de introduzir-nos, é expressa pelas palavras do convite dirigido a todos os fatigados e sobrecarregados [...]. Esse convite de Jesus guarda muita semelhança com certas sentenças de sabedoria, como, por exemplo, as do Sirácida (Eclesiástico) em 51,23-29. Junto à sabedoria, os homens podem encontrar a tranquilidade, enquanto a insensatez está cheia de barulho. A sabedoria se dirige justamente aos incultos, e o seu jugo é leve. Com essas palavras de Jesus, Mateus mostra que Jesus é o verdadeiro mestre da sabedoria. Nele temos parte na sabedoria à qual aspiraram desde sempre tanto os judeus quanto os gregos. Ele incorpora a sabedoria do mundo inteiro. Por isso só podemos entender Jesus completamente quando analisamos as suas palavras no diálogo com as doutrinas da sabedoria de outras religiões e culturas. Jesus se dirige àqueles que carregam fardos. Os interpretes têm diversas explicações para o sentido dessa afirmação: uns pensam na lei judaica como um peso, mas Jesus não cancelou a lei, apenas a interpretou. É mais a pressão por desempenho que transforma a lei em carga. Quando me sinto pressionado a fazer tudo com a máxima correção, dobro-me como que debaixo de um peso. Agostinho interpreta essas palavras da seguinte maneira: ‘Por mais duro que seja o fardo que pesa em nossas costas, o amor o faz ficar leve’ (Luz II, 220). A teologia da libertação vê no fardo a exploração praticada pelos poderosos. Os psicólogos veriam no fardo o peso das feridas provocadas pelo passado que nos acabrunham, por exemplo, pela tendência a atribuir a culpa sempre a nós mesmos, de desmerecer-nos e pressionar-nos. Para muitos, a própria piedade se transformou em peso. Mas Jesus não pretende anunciar uma espiritualidade que nos oprime e aflige, antes quer mostrar-nos um caminho espiritual que nos conduz à serenidade e no qual encontramos a harmonia em nosso interior e a verdadeira paz” (Anselm Grun – Jesus: mestre da salvação – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite