(Ex 3,13-20; Sl 104[105]; Mt 11,28-30)
15ª Semana do Tempo Comum.
“Vinde a mim, todos
vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei
descanso” Mt 11,28.
“A experiência
mística, na qual Jesus gostaria de introduzir-nos, é expressa pelas palavras do
convite dirigido a todos os fatigados e sobrecarregados [...]. Esse convite de
Jesus guarda muita semelhança com certas sentenças de sabedoria, como, por
exemplo, as do Sirácida (Eclesiástico) em 51,23-29. Junto à sabedoria, os
homens podem encontrar a tranquilidade, enquanto a insensatez está cheia de
barulho. A sabedoria se dirige justamente aos incultos, e o seu jugo é leve.
Com essas palavras de Jesus, Mateus mostra que Jesus é o verdadeiro mestre da
sabedoria. Nele temos parte na sabedoria à qual aspiraram desde sempre tanto os
judeus quanto os gregos. Ele incorpora a sabedoria do mundo inteiro. Por isso
só podemos entender Jesus completamente quando analisamos as suas palavras no
diálogo com as doutrinas da sabedoria de outras religiões e culturas. Jesus se
dirige àqueles que carregam fardos. Os interpretes têm diversas explicações para
o sentido dessa afirmação: uns pensam na lei judaica como um peso, mas Jesus
não cancelou a lei, apenas a interpretou. É mais a pressão por desempenho que
transforma a lei em carga. Quando me sinto pressionado a fazer tudo com a
máxima correção, dobro-me como que debaixo de um peso. Agostinho interpreta
essas palavras da seguinte maneira: ‘Por mais duro que seja o fardo que pesa em
nossas costas, o amor o faz ficar leve’ (Luz II, 220). A teologia da libertação
vê no fardo a exploração praticada pelos poderosos. Os psicólogos veriam no
fardo o peso das feridas provocadas pelo passado que nos acabrunham, por
exemplo, pela tendência a atribuir a culpa sempre a nós mesmos, de
desmerecer-nos e pressionar-nos. Para muitos, a própria piedade se transformou
em peso. Mas Jesus não pretende anunciar uma espiritualidade que nos oprime e
aflige, antes quer mostrar-nos um caminho espiritual que nos conduz à
serenidade e no qual encontramos a harmonia em nosso interior e a verdadeira
paz” (Anselm Grun – Jesus: mestre da salvação –
Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite