17º Domingo do Tempo Comum – Ano C


(Gn 18,20-32; Sl 137[138]; Cl 2,12-14; Lc 11,1-13)

1. No centro da nossa reflexão desse domingo está a oração em seu caráter perseverante e intercessor. Quase em continuação, retomamos o texto da 1ª leitura do domingo anterior, ficamos sabendo que os três homens acolhidos por Abraão tinham como missão visitar Sodoma e Gomorra em seu pecado de rebelião à Lei divina.

2. Tendo recebido a notícia da descendência prometida, Abraão arrisca-se a interceder pelas cidades alvo da justiça divina, pois lá se encontram seu sobrinho Ló com sua família. O texto realça o contraste entre a indignação de Deus perante o pecado das duas cidades e a atitude de súplica em oração por parte de Abraão.

3. O olhar e envolvimento de Deus com as coisas humanas, quer positivas ou negativas, o faz agir. Mas Ele não é indiferente ao pedido misericordioso de Abraão que busca ‘justos’ em meio àqueles que serão punidos. Se o mal atinge a Deus, ainda mais o atinge o bem, a súplica de quem é seu amigo.

4. O salmo que se segue salienta esse agir misericordiosos de Deus em favor dos seus fiéis, escutando-os em meio as dificuldades e intervindo em favor dos mesmos no cotidiano da existência ou em momentos particulares.

5. Parece que esse texto da carta paulina se volta a uma possível tentação de abandono da fé cristã por parte da comunidade do Colossos. Paulo convida a olhar a raiz dessa fé: sem mérito algum, fomos salvos pela morte de Cristo. O batismo nos insere nesse mistério que nos leva a comungar de Sua Ressurreição.

6. Dos quatro evangelistas, Lucas é o que mais destaca o valor da oração, tanto que seu evangelho inicia num contexto litúrgico de prece e apresenta Jesus como aquele que reza e nos insere no contexto dessa filiação divina nos ensinando a orar.

7. Somos convidados a entrar numa relação de especial confiança em Deus a partir da parábola que se segue, que na esteira da 1ª leitura tem um caráter de intercessão. O pão que se pede é para outro. Mas acima de tudo Jesus recomenda que tenhamos presente a necessidade de ser conduzido na oração e na vida pelo próprio Espírito de Deus, fundamento da vida interior.

8. Nossa oração deve estar inserida na oração do Filho: uma oração que alimente a vida concreta de cada dia, mas que também seja capaz de perceber as realidades concretas que nos cercam, intercedendo por elas. Uma oração perseverante, insistente, confiante, sinônimo de uma constante relação com Deus e de uma abertura ao seu Espírito, que no dizer de Paulo, ‘vem em auxílio da nossa fraqueza’ (cf. Rm 8,26).

 Pe. João Bosco Vieira Leite