(Gn 18,1-10a.; Sl 14[15]; Cl 1,24-28; Lc 10,38-42)
1. Preparando-nos ao acolhimento que
Marta e Maria fazem a Jesus no evangelho, a liturgia nos traz esse texto da
acolhida de Abraão aos três homens que caminham em sua direção. O texto está
rodeado de mistério, mas logo somos advertidos que se trata da visita de Deus,
tanto que Abraão os trata no singular.
2. Os Padres da Igreja não demoraram a
perceber nesse texto uma espécie de antecipação do mistério da Santíssima
Trindade, de cuja reflexão de apropria o artista monge Andrei Rublev em seu
ícone da Santíssima Trindade.
3. O texto quer destacar o acolhimento
animado e atencioso de Abraão. Deus aceita, mostra-se familiar e próximo ao ser
humano, come com ele, sinal de intimidade, como Jesus na última ceia e em
outros momentos. Tal acolhimento traz uma dádiva: a intervenção divina que
trará o nascimento de Isaque. Numa silenciosa atitude de fé Abraão acolhe a boa
nova.
4. No segundo texto da carta aos
Colossenses, Paulo afirma a sua identificação com Cristo pelos sofrimentos
vividos em sua missão em favor da obra redentora. Ele fala da oferta de sua
vida, também em favor da Igreja.
5. Jesus aproveitava todos os momentos,
dando-lhes um especial significado. Assim o faz nos momentos em que é acolhido
revelando a sua intimidade.
6. O encontro com Marta e Maria nos
revela maneiras distintas de relacionar-se com Jesus. Marta mantém a sua
relação através dos múltiplos cuidados do serviço necessário, Maria escolhe a
mediação da Palavra.
7. A censura de Jesus, que também é
censurado por Marta, não contradiz a necessária obra que resulta da escuta da
Palavra. O cuidado que ela deve ter é de não se deixar arrastar pela agitação e
pela inquietação, pois arrisca-se a não reparar n’Aquele que está presente,
como faz Maria.
8. Os dois textos de acolhimento nos
convidam a refletir sobre a nossa capacidade de contemplar a presença de Deus
que nos visita nos espaços da vida quotidiana. Se o aprendemos a fazer, nossas
vidas ficam marcadas e comprometidas, pois Ele sempre deixa algo para nós em
nós.
9. A atenção ao Senhor no nosso dia a
dia não nos afasta da vida, pelo contrário, confere ao nosso viver um fôlego
maior. Vivemos o desafio de fazermos o que devemos fazer com plena
tranquilidade sabendo que o nosso amor ao Senhor passa pelo serviço ao outro de
quem me torno próximo.
Pe. João Bosco Vieira Leite