(Is 66,10-14c; Sl 65[66]; Gl 6,14-18; Lc 10,1-12.17-20).
1. Vez ou outra, ou quase sempre,
precisamos de uma palavra que reacenda em nós a esperança da realização das
promessas divinas. É assim que sente o povo que voltou do exílio da Babilônia,
mas não viu as viu realizar-se como dissera o profeta. É ele que retorna na 1ª
leitura.
2. Na realidade ele quer despertar para
um olhar mais atento, ainda que a situação não pareça a melhor. Quer uma
atenção aos pequenos sinais da realização das promessas divinas, ainda que não
as vejamos de modo pleno. Por outro lado, a realização da promessa divina
depende também de meu engajamento em fazer acontecer.
3. É nesse sentido que o texto nos
prepara ao evangelho e ao envio que Jesus faz dos discípulos. Às comunidades
cristãs resta o desafio de serem acolhedoras e sinais da presença do Reino de
Deus entre nós.
4. Para Paulo, na 2ª leitura, o sinal
da presença do Reino está na opção de vida feita por ele em sua identificação
com Cristo crucificado. As tradições não lhe preocupam tanto, importa a doação
que faz de si mesmo, como sinal de adesão à pessoa de Jesus, que se deu por
inteiro. Eis o sinal que se busca nos cristãos.
5. Lucas nos diz que além dos doze,
Jesus possuía um considerável número de discípulos, os quais, um dia, envia,
para expandir a presença do Reino, dando-lhes claras instruções. O curioso é
que depois não ficamos sabendo mais notícias desse grupo.
6. Objetivamente Lucas pensa que o
Evangelho não deve ficar restrito aos israelitas, deve ser levado a todos os
povos, sem distinção. Não se deve agir de modo independente, daí a necessidade
da comunhão com o outro, da unidade da fé, do ‘dois a dois’.
7. Uma vez tendo rezado ao Senhor da
messe, e tomar consciência de sua tarefa, é preciso preparar os corações para
acolher Jesus Cristo. Ele chega conosco, com nosso modo de ser e estar entre os
outros, de sermos lobos ou cordeiros, e dos meios dos quais nos servimos para
cumprir a missão. Só podemos ser cordeiros se confiarmos no pastor.
8. Jesus fala-lhes de urgência, de não
perder tempo. Ele pede uma capacidade de adaptar-se à cultura local, pois a paz
se conquista pelo respeito. As palavras devem ser acompanhadas de gestos
concretos de caridade, de atenção aos doentes e necessitados.
9. É possível a rejeição, o texto pode
nos soar estranho diante de tudo o que foi dito anteriormente, por isso a
interpretação não é tanto de um castigo, mas das consequências desastrosas de
não acolher o evangelho, arruinando a própria vida e não encontrando paz.
10. Na avaliação final, Jesus contempla
a derrota do mal como resultado do nosso engajamento no bem. Perigos e
dificuldades sempre estarão presentes, mas é possível vencê-los. Jesus convida
a um olhar positivo, apesar de tantos males, mas ele acredita também que tudo
depende do nosso engajamento nessa proposta do evangelho.
Pe. João Bosco Vieira Leite