(2Ts 2,1-3.14-17; 95[96]; Mt 23,23-26)
21ª Semana do Tempo Comum.
Dando continuidade ao texto de ontem na
interpretação do evangelho do dia: “A quarta invectiva faz referência
ao pagamento do dízimo que os escribas tinham tornado mais rigoroso em relação
ao mandamento original do Deuteronômio (Dt 14,23). Jesus não se opõe à prática
de cobrar o dízimo. Mas ele acusa os escribas de esquecerem-se, no meio de
tantas regulamentações, do essencial: ‘a justiça, a misericórdia e a
fidelidade’ (23,23). Para Jesus, assim como para Mateus, essas três atitudes
que circunscrevem o mandamento principal do amor são decisivas em qualquer ação
religiosa. Sem o amor, de nada adianta praticar a religião. Jesus realça esse
ensinamento, aplicando aos fariseus o provérbio que fala dos que, antes de tomar
vinho, filtram o mosquito e engolem o camelo, o que era considerado um animal
tão impuro quanto o mosquito. Insistindo em ninharias, não se dão conta da
impureza que se mistura à sua piedade e acabam se engasgando com camelos. A
quinta invectiva fala da purificação da taça que simboliza o ser humano. Não
adianta limpar só o lado de fora. O homem deve olhar para dentro de si, onde há
rapina e intemperança (23,25). Existe aí uma referência à cobiça dos fariseus
que subtraem os bens dos pobres. Mas pode tratar-se também do perigo espiritual
que consiste em querer assenhorar-se de Deus. Cometem-se abusos com a
espiritualidade para confirmar assim a própria intemperança e aparecer diante
dos outros. Não satisfeitos com a sua condição humana, os homens recorrem à
ideologia espiritual para ser mais que tudo, querendo ficar acima de Deus. Deus
quer dominar sobre o homem. Ele não admite ser usado pelo homem para este
elevar-se acima de sua condição humana” (Anselm Grun – Jesus,
Mestre da Salvação – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite