Terça, 28 de agosto de 2018


(2Ts 2,1-3.14-17; 95[96]; Mt 23,23-26) 
21ª Semana do Tempo Comum.

Dando continuidade ao texto de ontem na interpretação do evangelho do dia: “A quarta invectiva faz referência ao pagamento do dízimo que os escribas tinham tornado mais rigoroso em relação ao mandamento original do Deuteronômio (Dt 14,23). Jesus não se opõe à prática de cobrar o dízimo. Mas ele acusa os escribas de esquecerem-se, no meio de tantas regulamentações, do essencial: ‘a justiça, a misericórdia e a fidelidade’ (23,23). Para Jesus, assim como para Mateus, essas três atitudes que circunscrevem o mandamento principal do amor são decisivas em qualquer ação religiosa. Sem o amor, de nada adianta praticar a religião. Jesus realça esse ensinamento, aplicando aos fariseus o provérbio que fala dos que, antes de tomar vinho, filtram o mosquito e engolem o camelo, o que era considerado um animal tão impuro quanto o mosquito. Insistindo em ninharias, não se dão conta da impureza que se mistura à sua piedade e acabam se engasgando com camelos. A quinta invectiva fala da purificação da taça que simboliza o ser humano. Não adianta limpar só o lado de fora. O homem deve olhar para dentro de si, onde há rapina e intemperança (23,25). Existe aí uma referência à cobiça dos fariseus que subtraem os bens dos pobres. Mas pode tratar-se também do perigo espiritual que consiste em querer assenhorar-se de Deus. Cometem-se abusos com a espiritualidade para confirmar assim a própria intemperança e aparecer diante dos outros. Não satisfeitos com a sua condição humana, os homens recorrem à ideologia espiritual para ser mais que tudo, querendo ficar acima de Deus. Deus quer dominar sobre o homem. Ele não admite ser usado pelo homem para este elevar-se acima de sua condição humana”  (Anselm Grun – Jesus, Mestre da Salvação – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite