(2Cor 9,6-10; Sl 11[112]; Jo 12,24-26)
São Lourenço, diácono e
mártir.
“Em verdade, em
verdade vos digo, se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua
só um grão de trigo, mas se morre, então produz muito fruto” Jo 12,24.
“É o processo da vida
viver em contrastes. Morrer para viver. Morrer para multiplicar-se. Apodrecer
para renascer. Voltar à terra para buscar o novo impulso da vida. Toda semente
é um mistério. Dentro de cada semente está o mistério da vida. Ela vai se
revelando. Vai desabrochando. Vai se multiplicando. Por isso o destino da vida
é sempre gerar vida. É sempre mais vida. É evoluir para que tudo neste universo
seja vida. Quanto mais vida, mais Deus presente. Deus é vida. É duro morrer,
mas é necessário. Não há crescimento de vida sem passar pela morte. É
necessário apodrecer este jeito de viver, esta condição material, para fazer
surgir um novo corpo glorioso. Corpo transparente, semelhante ao de Cristo.
Cristo é o modelo de tudo e para todos. Nasceu, realizou sua missão, morreu e
ressuscitou. Passou pela morte. Se fez grão de trigo. Multiplicou-se em cada
ser humano. Pela sua morte infinitos grãos de trigo podem renascer. Cada pessoa
renasce em Cristo, o homem novo e renovado. É preciso morrer aqui e agora. Em
cada momento há um enterro de um grão. Há um egoísmo para ser enterrado. Um
comodismo para ser morto. Há um interesse pessoal para ser apodrecido. O ‘eu’
deve morrer para que nasça o ‘nós’. O ‘nós’ é a multiplicação do ‘eu’ que soube
morrer por amor. Ser pão é o destino do trigo. Porém, para ser pão é necessário
aceitar ser farinha. Para ser farinha é necessário aceitar ser moído. O
importante é ser pão, tudo passa a ter um caminho normal. Aceitar morrer como grão
de trigo é o caminho da vida. – Senhor da terra, Senhor do trigo
humano, vós que semeastes em cada coração a vida, e vosso desejo é que se
multiplique, concedei em mim e em todos os meus irmãos a clareza do meu
destino. Que eu saiba morrer em cada ato para que de mim surja vida plena. Amém.” (Wilson
João Sperandio – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite