Sexta, 10 de agosto de 2018


(2Cor 9,6-10; Sl 11[112]; Jo 12,24-26) 
São Lourenço, diácono e mártir.    

“Em verdade, em verdade vos digo, se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo, mas se morre, então produz muito fruto” Jo 12,24.

“É o processo da vida viver em contrastes. Morrer para viver. Morrer para multiplicar-se. Apodrecer para renascer. Voltar à terra para buscar o novo impulso da vida. Toda semente é um mistério. Dentro de cada semente está o mistério da vida. Ela vai se revelando. Vai desabrochando. Vai se multiplicando. Por isso o destino da vida é sempre gerar vida. É sempre mais vida. É evoluir para que tudo neste universo seja vida. Quanto mais vida, mais Deus presente. Deus é vida. É duro morrer, mas é necessário. Não há crescimento de vida sem passar pela morte. É necessário apodrecer este jeito de viver, esta condição material, para fazer surgir um novo corpo glorioso. Corpo transparente, semelhante ao de Cristo. Cristo é o modelo de tudo e para todos. Nasceu, realizou sua missão, morreu e ressuscitou. Passou pela morte. Se fez grão de trigo. Multiplicou-se em cada ser humano. Pela sua morte infinitos grãos de trigo podem renascer. Cada pessoa renasce em Cristo, o homem novo e renovado. É preciso morrer aqui e agora. Em cada momento há um enterro de um grão. Há um egoísmo para ser enterrado. Um comodismo para ser morto. Há um interesse pessoal para ser apodrecido. O ‘eu’ deve morrer para que nasça o ‘nós’. O ‘nós’ é a multiplicação do ‘eu’ que soube morrer por amor. Ser pão é o destino do trigo. Porém, para ser pão é necessário aceitar ser farinha. Para ser farinha é necessário aceitar ser moído. O importante é ser pão, tudo passa a ter um caminho normal. Aceitar morrer como grão de trigo é o caminho da vida. – Senhor da terra, Senhor do trigo humano, vós que semeastes em cada coração a vida, e vosso desejo é que se multiplique, concedei em mim e em todos os meus irmãos a clareza do meu destino. Que eu saiba morrer em cada ato para que de mim surja vida plena. Amém.”   (Wilson João Sperandio – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite