Quinta, 9 de agosto de 2018

(Jr 31,31-34; Sl 50[51]; Mt 16,13-23) 
18ª Semana do Tempo Comum.

“Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: ‘deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça!” Mt 16,22.

“Depois da clara profissão de fé em Jesus por parte de Pedro, e depois dos elogios de Jesus, segue uma cena diametralmente oposta, uma história contrastante. Mateus gosta de contrastes. Trata-se de um recurso estilístico que podemos observar repetidamente em seu evangelho. Jesus declara aos discípulos que deverá enfrentar a Paixão. Pedro, então o toma à parte e o censura: ‘Deus te livre disso, Senhor. Não, isso não te sucederá’ (Mt 16,22). Mas Jesus repreende com veemência: ‘Afasta-te! Para trás de mim, Satanás! Tu és para mim ocasião de queda, pois teus intentos não são os de Deus, mas os dos homens’ (16,23). É uma palavra muito dura de Jesus. Se tivermos Pedro em conta de modelo do homem que crê, essas palavras deverão aplicar-se também a nós. É bom acreditar em Jesus que nos conduz à liberdade e à vida. Mas tudo indica que, seguindo-o, não escaparemos da questão da Paixão. Não se trata apenas da imagem correta de Jesus que decepciona as expectativas que Pedro nutre a seu respeito, está em jogo também a visão correta do que seja ser cristãos. Quer queiramos ou não, o sofrimento nos alcançará, mesmo que seja só na hora da morte. Uma interpretação do caminho cristão que excluísse o sofrimento deixará Jesus de lado. Na Igreja, temos colocado com frequência a Paixão no centro da prática religiosa, provocando com isso em muitos fiéis uma obsessão masoquista pelo sofrimento. Mas nem por isso podemos cair no extremo oposto, procurando evitar a Paixão, do contrário estaremos erguendo castelos no ar. Jesus gostaria de acompanhar-nos justamente nas situações em que sofremos pelas mãos dos homens, em que estamos entregues à mercê deles, em que precisamos encarar a morte” (Anselm Grum – Jesus, Mestre da Salvação – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite