18º Domingo do Tempo Comum – Ano B


(Ex 16,2-4.12-15; Sl 77[78]; Ef 4,17.20-24; Jo 6,24-35)

1. Nossa liturgia da Palavra se abre com essa recordação de um dos momentos da travessia, aquele que se definiria o tipo de alimento que sustentaria o caminho no deserto. Na realidade o pão que alimentaria o povo seria uma profunda fé em Deus, por isso o maná é uma realidade entre sua realidade material e seu valor simbólico.

2. O caminho da liberdade tem seus momentos de fragilidade, pois sempre choraremos a nossa condição anterior, particularmente quando as dificuldades aparecerem. Esse que alimenta o seu povo com o ‘pão que vem do céu’, se propõe todos os dias em seus Mandamentos para que se construa um caminho de liberdade.

3. Tudo isso implica uma mudança de mentalidade, que começa a partir da mudança de hábitos e comportamentos. Paulo escreve a uma comunidade que tem em seu seio pagãos convertidos. Ele acredita que o encontro decisivo com Cristo, que questiona a maneira de ser e dos valores de referência, pode fazer toda a diferença. É Cristo esse homem novo que se propõe como modelo aos que fazem um caminho de liberdade.

4. Os que testemunharam a multiplicação dos pães estão atrás de Jesus, não tanto por sua proposta de vida, mas pelo pão fácil, sem esforço pessoal. Mais do que buscar o alimento material, eles deveriam buscar um outro alimento, que provoca profunda mudança no modo de ver a vida e as relações.

5. Jesus os está indicando o caminho da fé, que não consiste tanto em fazer algo por Deus, mas confiar em Deus e deixar-se conduzir por Aquele que Ele mesmo nos enviou.

6. Jesus não se encaixa nessa figura que deve fazer coisas extraordinárias para suscitar a fé, fruto, muitas vezes, de desejos egoístas. Ele veio manifestar a misericórdia de Deus, enxergar um pouco além da materialidade de nossas necessidades e visão da vida. Eis que o pão é o próprio Jesus, assim se apresenta para aqueles que O buscam de coração sincero. 

7. Jesus propõe um justo equilíbrio entre a nossa disposição em servir a Deus porque Ele nos oferece algo em troca e o reconhecimento da capacidade humana de produzir sua sobrevivência a ponto de dispensar a Deus do seu horizonte existencial.

8. Ele não veio alterar a natureza das coisas, mas mostrar que a fé também é capaz de realizar ‘milagres’, diante daquilo que eles mesmos testemunharam, mas essa mesma fé precisa ser alimentada continuamente. Assim Ele se propõe como alimento para um caminho de liberdade que queremos fazer, e ‘o preço da liberdade é a vigilância contínua’.

9. “Senhor Deus, livrai-nos de uma religião utilitarista, que nos leva a esperar de Deus a solução dos nossos problemas, em grande parte materiais. Ajudai-nos a descobrir o verdadeiro sentido da fé que nos revelastes na vida e na morte do vosso Filho. Fazei que, alimentando-nos d’Ele, verdadeiro pão descido do Céu, saibamos adotar o Vosso projeto de salvação, que consiste na procura corajosa da justiça e da liberdade de todos” (Giuseppe Casarim – Lecionário Comentado – Paulus).

 Pe. Joao Bosco Vieira Leite