19º Domingo do Tempo Comum – Ano B


(1Rs 19,4-8; Sl 33[34]; Ef 4,30-5,2; Jo 6,41-51)

1. Conhecemos a história de Elias, o grande defensor da fé no Deus único de Israel, de seus confrontos e fuga. A liturgia faz um corte para nós de sua fuga e travessia do deserto, esse lugar interminável e sem vida. É preciso atravessá-lo para reencontrá-la.

2. Elias se encontra numa profunda crise, sente-se merecedor do castigo divino e quer se deixar morrer. Deus vem a seu encontro, com certa insistência para que ele compreenda que é necessário retomar o caminho. Aqui dois elementos sobressaem: o deserto em si, que o leva a mergulhar na experiência religiosa de seu povo que terá seu ápice no Horebe, e a água e o pão, que lhe dão força e nos ligam ao evangelho.

3. Paulo fala da presença do Espírito Santo na vida dos que foram batizados. Mas é preciso deixar-se guiar por Ele, pois certas atitudes não correspondem aos que verdadeiramente buscam renovar-se a partir da fé em Cristo Jesus, Ele será sempre nossa referência humana na nossa busca de imitar a Deus.

4. Se a humanidade de Cristo é uma referência, é também um obstáculo à fé, pois Deus não poderia, segundo a mentalidade dos contemporâneos de Jesus, manifestar-se num comum mortal, que julgam conhecer.

5. Jesus compreende essa dificuldade, já prefigurada pelos profetas, mas ao mesmo tempo revela os que verdadeiramente se deixam guiar por Deus, aqui no caso os seus discípulos, enquanto os demais acabam por se deter em coisas materiais, esquecendo que Deus é a meta do caminho que fazemos, Jesus é o alimento que sustenta o nosso caminhar. Aqui se descortina a realidade da Palavra e do sacramento.

6. Se Deus atua a partir do coração humano, é Ele mesmo quem atrai para Jesus os que passam a ter uma compreensão de Deus desvinculada de uma identidade política ou cultural, ainda que a religião esteja circunscrita nessa realidade.

7. Ao se encarnar, Deus nos revela em Jesus, e por Seu Espírito, que Ele se faz ouvir a partir das relações que construímos e dos sentimentos que as compõe. Os gestos e as palavras, no dizer de Paulo, permitem não só uma presença, mas uma real transformação de quem oferece e de quem recebe.

8. “Oh Deus, que nos destes no vosso Filho Jesus um exemplo a imitar e nos guiais, a partir do interior, mediante vosso Espírito, ajudai-nos a reconhecer-Vos nos nossos irmãos mais pobres e deserdados. Fazei que, alimentando-nos de Jesus, pão da vida, também nós, como Elias, possamos encontrar, no deserto da nossa vida, o caminho que conduz a Vós” (Giuseppe Casarim – Lecionário Comentado – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite