(At 4,1-12; Sl 117[118]; Jo 21,1-14)
Oitava de Páscoa.
Depois da forte
impressão deixada pelo milagre e pelas palavras de Pedro, no cenário surge a
oposição a pregação de Pedro e dos apóstolos. Pedro é aquele que toma a palavra
deixando clara a sua precedência diante do grupo. Seu testemunho é bastante
corajoso.
É o mesmo Pedro que
toma a decisão de ir pescar, no contexto pós-ressurreição; o evento que se
segue com a aparição de Jesus pela terceira vez e a pesca que se sucede fica
claro para eles o sentido missionário que essas aparições de Jesus imprimem.
Alguns autores dizem que o número de peixes corresponde aos povos até então
conhecidos, aos quais eles seriam enviados como a mesma proposta inicial de
Jesus quando os convidou a segui-lo: eu vos farei pescadores de homens. O que
esteve no início deve estar também no fim. “Depois da pescaria bem-sucedida,
João descreve uma cena estranha e misteriosa: o desjejum justo às brasas.
Ninguém ousou perguntar a Jesus quem era, pois ‘eles bem sabiam que era o
Senhor’(21,12). É a situação da eucaristia. Os cristãos sabem que o próprio
Senhor está no meio deles. Não perguntam. Acreditam. E por ser o Senhor que
está no meio deles, a manhã cinzenta se transforma num clima de intimidade e
amor. No meio de uma terra estranha, surge a sensação de aconchego, no meio da
frustração surge a satisfação. Como na eucaristia, Jesus se aproxima, toma o
pão e o dá aos seus discípulos. Só que nesse caso o pão não vem acompanhado de
vinho, e sim de peixe. Para os antigos, o peixe é a comida da imortalidade. A
nossa mortalidade se mistura à sua imortalidade, participamos da vida eterna,
imperecível, indestrutível de Deus. Para João, a Ressurreição não acontece em
forma de coisas mirabolantes. É nas coisas simples do dia a dia, na refeição em
torno do braseiro, que o véu é tirado, de modo que os discípulos podem entrar
em contato com a realidade, unindo-se ao fundamento de todo ser, com o Deus de
amor” (Anselm Grun, Jesus, porta para a vida).
João Bosco Vieira Leite