(At 14,21-27; Sl 144[145]; Ap 21,1-5a; Jo 13,31-33a.34-35).
1. No domingo anterior vimos a missão
de Paulo e Barnabé enfrentando a resistência das autoridades locais e como eles
seguiram adiante, apesar de tudo. Hoje contemplamos o feliz retorno, marcado
pela passagem pelas comunidades fundadas. “Os que em lágrimas semeiam colheram
com alegria”, reza o salmo 126.
2. A visita é um incentivo a
perseverarem, mas também para estruturá-las a partir de responsáveis, porque a
fé cristã é uma aventura comunitária. Nesse breve retrato podemos perceber a
estruturação das comunidades e a percepção de uma fé que é vivida não só pela
participação na assembleia, mas pelo compromisso dos seus membros.
3. Se Paulo lembra as dificuldades do
caminhar na fé, João contempla o fim da jornada, a chegada. A imagem simbólica
de Jerusalém como local da morada de Deus, recebe nova roupagem. Deus habitará
em meio ao seu povo, toda ordem de sofrimento será passado. Deus fará nova
todas as coisas. Nossa fé vive dessa esperança.
4. Voltamos ao ambiente do cenáculo. O
mistério da Páscoa que celebramos foi prefigurado por Jesus como uma
glorificação: sua morte na cruz. Ele distorce o nosso conceito de glória,
baseado na força e no poder, para falar de entrega, abandono e serviço por sua
morte na cruz, pois lá Deus manifesta o seu amor.
5. De irmãos, os discípulos passam a
ser chamados de filhos, a quem se deixa um testamento, umas últimas palavras.
O mandamento deixado por Jesus aos seus não é uma imposição, mas um dom a
ser conservado, cultivado, como uma espécie de ‘segredo da felicidade’.
6. A novidade das palavras de Jesus
está no referencial do amor: ele mesmo. Pois não podemos tomar como referência
nossas atrapalhadas escolhas. O amor de Jesus não se movia pelo merecimento,
mas pela necessidade. A superação da condição de miséria e pecado só poderia
ter o amor como remédio.
7. Assim podemos compreender a alegria
de Paulo e Barnabé ao retornar às comunidades fundadas. Ali o exercício do amor
acontecia na convivência e na superação das diferenças. É como se Jesus
dirigisse a nós, hoje, suas palavras finais, lembrando que para além dessa
sociedade competitiva e que busca as glórias humanas, a alegria está em amar ao
estilo do próprio Jesus. É Ele que nos espera para celebrarmos a comunhão
definitiva que nos faz filhos e filhas de Deus pela imitação daquele que se
tornou para nós o caminho, a verdade e a vida.
Pe. João Bosco Vieira Leite