Terça, 31 de janeiro de 2023

(Hb 12,1-4; Sl 21[22]; Mc 5,21-43) 

4ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus logo percebeu que uma força tinha saído dele. E, voltando-se no meio da multidão, perguntou:

‘Quem tocou na minha roupa?’” Mc 5,30.

“A misericórdia de Deus não tem fronteiras geográficas. Toda pessoa que clamar por Deus obterá sua resposta (cf. Rm 10,13). Nesse texto, a misericórdia adquire o nome de compaixão, que é o sentir a dor da outra pessoa. A compaixão não descrimina e nem separa. A compaixão não cobra ingresso para que as pessoas tenham acesso aos bens necessários. A compaixão abre caminho e não põe barreiras. A compaixão facilita o acesso à graça de Deus. Jesus é o homem-Deus da compaixão. Tão sensível que é capaz de sentir a diferença entre um toque de fé em meio à multidão que o comprime, e um esbarrão. Somente quem ama sente as realidades sem necessidade de palavras. Jesus tinha a virtude de sentir as realidades sofredoras e de ser expressivo nos gestos de resposta aos seus sentimentos (Mt 9,36; 14,14; 15,32; Mc 5,19; Hb 4,15-16). Isto é próprio de quem ama e conhece o ser humano, não só pela aparência, mas a partir do seu interior. Geralmente, pessoas com esse comportamento são sofredoras e aprenderam a se importar com os outros a partir das suas dores pessoais. De Jesus, sabemos que Ele foi experimentado no sofrimento (Is 53,3), homem das dores que aprendeu com a obediência sofredora a fazer a vontade de Deus. Faz-se urgente uma saída estratégica de nosso quadro existencial e sentirmos com quem nos é apresentado a sua dor. Jesus é o mestre por excelência no uso dos sentidos. Seu Olhar, sua audição, seu tato, sua sensibilidade, todo seu corpo está impregnado de ‘detectores’ do sentimento humano. Nada ao seu redor passa despercebido. – Ó Altíssimo Pai, concede-nos a graça de usarmos nossa experiência de dor e sofrimento para compreender a dor alheia. Assim seja! (Gilberto Orácio de Aguiar – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite