(Hb 12,1-4; Sl 21[22]; Mc 5,21-43)
4ª Semana do Tempo Comum.
“Jesus logo percebeu
que uma força tinha saído dele. E, voltando-se no meio da multidão, perguntou:
‘Quem tocou na minha
roupa?’” Mc 5,30.
“A misericórdia de
Deus não tem fronteiras geográficas. Toda pessoa que clamar por Deus obterá sua
resposta (cf. Rm 10,13). Nesse texto, a misericórdia adquire o nome de
compaixão, que é o sentir a dor da outra pessoa. A compaixão não descrimina e
nem separa. A compaixão não cobra ingresso para que as pessoas tenham acesso
aos bens necessários. A compaixão abre caminho e não põe barreiras. A compaixão
facilita o acesso à graça de Deus. Jesus é o homem-Deus da compaixão. Tão sensível
que é capaz de sentir a diferença entre um toque de fé em meio à multidão que o
comprime, e um esbarrão. Somente quem ama sente as realidades sem necessidade
de palavras. Jesus tinha a virtude de sentir as realidades sofredoras e de ser
expressivo nos gestos de resposta aos seus sentimentos (Mt 9,36; 14,14; 15,32;
Mc 5,19; Hb 4,15-16). Isto é próprio de quem ama e conhece o ser humano, não só
pela aparência, mas a partir do seu interior. Geralmente, pessoas com esse
comportamento são sofredoras e aprenderam a se importar com os outros a partir
das suas dores pessoais. De Jesus, sabemos que Ele foi experimentado no
sofrimento (Is 53,3), homem das dores que aprendeu com a obediência sofredora a
fazer a vontade de Deus. Faz-se urgente uma saída estratégica de nosso quadro
existencial e sentirmos com quem nos é apresentado a sua dor. Jesus é o mestre
por excelência no uso dos sentidos. Seu Olhar, sua audição, seu tato, sua
sensibilidade, todo seu corpo está impregnado de ‘detectores’ do sentimento
humano. Nada ao seu redor passa despercebido. – Ó Altíssimo Pai,
concede-nos a graça de usarmos nossa experiência de dor e sofrimento para
compreender a dor alheia. Assim seja!” (Gilberto Orácio de Aguiar –
Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite