(Is 49,3.5-6; Sl 39[40]; 1Cor 1,1-3; Jo 1,29-34)
“João viu Jesus
aproximar-se dele e disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo’” Jo 1,29.
“Para entendermos um
pouco o versículo citado é necessário procurarmos observar algum comportamento
cultural. Por exemplo, em muitas sociedades africanas, quase todas as
calamidades são tradicionalmente interpretadas como consequência de uma ofensa
direta contra Deus ou algo que desagradou os espíritos dos antepassados ou os
que protegem os valores divinos. Um sacrifício é necessário para se aclamar a
fúria divina. E em tempos passados esse sacrifício era geralmente um cordeiro.
João Batista possuía esse pensamento quando, durante dois dias consecutivos,
chamou a atenção de seus seguidores em relação a Jesus ao anunciar: ‘Eis o
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo’ (Jo 1,29). Isto é, a origem deste cordeiro
é Deus. Já entre os judeus, quando alguém pecava, um cordeiro tinha que ser
sacrificado, porque Deus não podia simplesmente ignorar o pecado. Era
necessário haver a expiação pelo pecado (Lv 4,20.26.31.35; 5,10-13). Conclusão
óbvia: Jesus veio ao mundo como o Cordeiro, providenciado por Deus, para
remover o pecado do mundo (Samuel Ngewa). Mas que pecado é esse? Longe de ser
algo praticado egoisticamente sozinho, pecado, neste contexto, refere-se à
recusa e negação do projeto de Deus que é de desobediência e de não acolhida à
fraternidade. O pecado no singular é uma opção de vida que prioriza o ‘Eu’ em
detrimento do ‘Nós’. É uma negação da comunidade. Acolhendo a Jesus
verdadeiramente, temos a oportunidade de alcançarmos a verdadeira libertação. E
vivemos uma experiência de vida nova centrada na vivência do projeto de Deus,
anunciado por Jesus. – Jesus, nosso Deus amado, ajuda-nos a compreender
e viver o seu projeto de libertação na realidade em que nos encontramos
inseridos. Amém!” (Gilberto Orácio de Aguiar – Meditações para o dia a dia [2017]
– Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite