Quarta, 18 de janeiro de 2023

(Hb 7,1-3.15-17; Sl 109[110]; Mc 3,1-6) 2ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus então olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração” Mc 3,5a.

“A dureza e a insensibilidade dos que dizem seguir o projeto de Deus é a provocação da ira e indignação de Jesus. Parece que, quanto mais sabem sobre Deus e seus preceitos, tonam-se mais carrancudos e frios diante do sofrimento humano. A cena (Mc 3,1-6) da qual foi extraído o versículo acima é fortíssima. É dia de culto a Deus. Um sábado. E lá no lugar sagrado existe um homem com a mão deformada. Isto lhe causa exclusão. Jesus se sente observado e parece que seus perseguidores estão presentes. Ele, conhecendo a maldade de seus pensamentos, utiliza-se do homem doente para explicar objetivamente uma lição. E a lição aplicada por Jesus é a da misericórdia. Todo dia é tempo de misericórdia divina. A indignação e a tristeza de Jesus se dão pelo fato de seus interlocutores serem incapazes de fazerem da lei um meio de responder positivamente aos problemas da humanidade. A dureza de seus corações unida à sua indiferença frente à exclusão social e religiosa é digna do olhar fulminante de Jesus. Esse olhar também se pode encontrar dirigido para nós se fechamos nosso coração às necessidades que gritam aos nossos ouvidos. Quando percebemos em nossas comunidades pessoas escanteadas por inúmeros preconceitos e nada lhe fazemos para recuperar-lhes a vida, o olhar de Jesus nos censura. Seu olhar também nos censura quando fazemos de nossas doutrinas algo mais elaborado e transformador do que suas palavras e gestos. Como seria bom assumirmos os gestos de misericórdia de Jesus como projetos para nossos calendários das comunidades. – O teu nome é amor, ó Deus. Faz com que sejamos mais parecidos contigo nas palavras e nos gestos para com as pessoas excluídas. Amém! (Gilberto Orácio de Aguiar – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite