(1Sm 4,1-11; Sl 43[44]; Mc 1,40-45) 1ª Semana do Tempo Comum.
“Falando com firmeza:
‘Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece,
pela tua purificação,
o que Moisés ordenou, como prova para eles!’” Mc 1,44
“À primeira vista, a
reação de Jesus parece estranha. A palavra grega até exprime cólera: ele ‘ficou
irritado, indignou-se, censurou o curado’. Talvez tenha percebido que o curado
queria atrair atenções sobre si. Por isso diz que deve seguir o caminho usual,
apresentando-se ao sacerdote. Deve reintegrar-se à comunidade. Mas o curado
espalha em toda parte e em qualquer oportunidade o que aconteceu com ele. Com
isso, ele faz de Jesus um excluído. Este já não pode mostrar-se nas cidades.
‘Jesus não podia mais entrar abertamente numa cidade, mas ficava fora nos
lugares desertos’ (1,45). Inverteu-se a situação: Jesus, que se encontrava no
meio da comunidade, curou aquele que estava excluído e o readmitiu na
comunidade, mas agora o curado excluiu Jesus e o obrigou a manter-se fora da
comunidade. Jesus queria curar completamente o homem. Mas para tanto este
deveria ter guardado silêncio, para que a cura pudesse estender-se também à sua
alma e não só ao corpo. No entanto, parece que o leproso não estava disposto a proceder
assim. Vive agora à custa de Jesus. Penso que se trata de uma referência à
morte na cruz, pela qual ele foi excluído da comunidade humana e marginalizado
para que fôssemos curados e nos soubéssemos amados incondicionalmente. Na cruz,
Jesus foi expulso para que nossa expulsão fosse anulada e nós pudéssemos morar
novamente perto de Deus. A cura do ser humano custa a Jesus, o Filho de Deus, a
vida” (Anselm Grün – Jesus, Caminho para a Liberdade –
Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite