(Is 60,1-6; Sl 71[72]; Ef 3,2-3.5-6; Mt 2,1-12) Epifania do Senhor.
“Tendo nascido Jesus
na cidade de Belém, na Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que alguns magos do
Oriente chegaram Jerusalém, perguntando: ‘Onde está o rei dos judeus, que acaba
de nascer?
Nós vimos sua estrela
no Oriente e viemos adorá-lo’” Mt 2,1-2.
“A história dos magos
do Oriente foi sempre muito popular. Os magos são orginalmente sacerdotes
persas, mas também astrólogos, sábios que dispõem de um conhecimento sobrenatural.
Eles viram uma estrela. Os astrônomos falam de uma aproximação de Júpiter e
Saturno ocorrida no ano 7 a.C. Como Júpiter era o astro dos reis, e Saturno, a
estrela da Palestina, era perfeitamente possível que os astrólogos babilônicos
tivessem interpretado essa constelação como sinal do nascimento de um filho
real em Israel. Chegando a Jerusalém, perguntam: ‘Onde está o rei dos judeus
que acaba de nascer?’ (2,2). Eles usam os mesmos termos para falar de Jesus, os
quais, no fim, identificarão o crucificado. Trata-se novamente de um lampejo de
força literária de Mateus. Os sábios do mundo reconhecem em Jesus o rei dos
judeus e o adoram. Seu próprio povo entregará Jesus aos romanos, justamente por
ser seu rei. Os amigos encontram o rei dos judeus em exercício, um tirano cruel
que mandou executar os próprios filhos por suspeita de traição. Jerusalém põe a
sua esperança no rei recém-nascido. Mas o poderoso rei Herodes está com medo da
criança. Está assustado. É uma situação recontada por muitas lendas e que foi
fonte de inspiração para Johann Sebastian Bach em seu ‘Oratório de Natal’.
Nessa peça, Bach faz o soprano cantar as palavras: ‘Basta um aceno da sua mão,
para derrubar o poder dos homens impotentes. Zomba-se de toda força’. As lendas
giram sobretudo em torno das personagens dos magos. A fantasia enriqueceu a
história de suas vidas com inúmeros detalhes, interpretando a sua caminhada
como uma imagem de nossa própria peregrinação em busca de Jesus. Assim como os
magos, seguimos a estrela dessa aspiração que nasce no horizonte de nosso
coração. Ela nos conduz por caminhos frequentemente emaranhados até chegarmos à
nossa meta, à casa onde estão a mãe e seu filho, onde podemos sentir-nos
realmente em casa” (Anselm Grün – Jesus, Mestre da Salvação –
Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite